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COP27 tem desafio de acelerar combate ao aquecimento global e reparar 'injustiças climáticas'

A Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU foi aberta neste domingo (6) em Sharm el-Sheikh, no Egito, para tentar dar um novo fôlego à luta contra o aquecimento global e seus impactos, o que motiva os países do Sul a exigirem uma compensação financeira. "O Egito não poupará esforços", declarou o ministro das Relações Exteriores Sameh Choukri, que preside a COP27.

A indenização por parte das potências industriais aos países mais afetados pelas mudanças climáticas deve ocupar a pauta desta 27ª Conferência da ONU sobre o Clima. Na foto, inundações no Níger.
A indenização por parte das potências industriais aos países mais afetados pelas mudanças climáticas deve ocupar a pauta desta 27ª Conferência da ONU sobre o Clima. Na foto, inundações no Níger. © AFP / Boureima Hama
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"Devemos ser claros, por mais difícil que seja o momento atual, a inação equivale à miopia e só pode retardar a catástrofe climática", destacou o presidente cessante da COP anterior, em Glasgow, Alok Sharma.

Esta 27ª Conferência do Clima da ONU reunirá cerca de 200 países durante duas semanas, sob a realidade de um planeta atingido por desastres constantes: inundações históricas no Paquistão, repetidas ondas de calor na Europa, furacões, incêndios, secas.

A luta pelo clima é "uma questão de vida ou morte, para nossa segurança hoje e para nossa sobrevivência amanhã", insistiu recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres. A conferência "deve lançar as bases para uma ação climática mais rápida e corajosa, agora e nesta década que decidirá se a luta pelo clima está ganha ou perdida", ele alertou.

As emissões de gases de efeito estufa devem, de fato, cair 45% até 2030 para ter uma chance de limitar o aquecimento a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris.

Mas os compromissos atuais dos Estados signatários, se fossem finalmente respeitados, levariam a um aumento de 5% a 10%, colocando o mundo em uma trajetória de no máximo 2,4°C até o final do século. Uma meta distante de respeitar o objetivo principal do Acordo de Paris de menos de 2°C em relação à época em que os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), responsáveis ​​pelo aquecimento global em grande escala.

"Tempestade perfeita"

Com as políticas atuais, um catastrófico aumento de 2,8°C está se aproximando. "Infelizmente [este resultado] não está à altura da tarefa", criticou António Guterres, que lamenta que o clima tenha sido relegado a segundo plano pela epidemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia, as crises econômica, energética e alimentar.

"Já houve momentos perigosos antes", como a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sob a gestão do presidente Donald Trump, observa Alden Meyer, do think tank E3G. Mas "nunca vi nada parecido", acrescenta o observador de longa data das negociações climáticas, descrevendo uma "tempestade perfeita".

Nesse contexto, apesar dos compromissos assumidos na COP26, apenas cerca de 20 países elevaram suas metas, e a ONU não vê “nenhuma maneira crível” de atingir a meta de 1,5°C. Mais de 120 chefes de Estado e de governo são esperados nesta segunda (7) e terça-feira (8) para uma cúpula que deve impulsionar essas duas semanas de negociações.

O evento não terá a participação do presidente chinês, Xi Jinping, ou do americano Joe Biden, que passarão rapidamente pela COP apenas em 11 de novembro. Como a cooperação é crucial entre os dois principais emissores globais de gases de efeito estufa com relações tensas, eles podem se reunir em Bali na semana seguinte, à margem do G20. Um G20 responsável por 80% das emissões globais, mas cujos membros mais ricos são acusados ​​de não assumir suas responsabilidades em termos de ambição e ajuda aos países em desenvolvimento.

O ressentimento dos países mais pobres, não responsáveis ​​pelo aquecimento global, mas na linha de frente de seus impactos, também estará no centro da COP27.

Lavagem verde

A promessa dos países do Norte de aumentar para US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 sua ajuda aos países do Sul para reduzir suas emissões e se preparar para os impactos ainda não foi cumprida. E o Sul agora está pedindo financiamento adicional dedicado às "perdas e danos" já sofridos.

Mas os países desenvolvidos estão muito relutantes e só no ano passado concordaram com a criação de um "diálogo" sobre a questão, previsto até 2024. Estes devem, no entanto, admitir que o assunto está oficialmente na pauta em Sharm el-Sheikh e a questão pode ser adicionada à agenda oficial neste domingo.

"O sucesso ou fracasso da COP27 será julgado em um acordo sobre este mecanismo de financiamento de perdas e danos", alertou Munir Akram, embaixador do Paquistão na ONU e presidente do G77 + China, que representa mais de 130 países emergentes e pobres.

Com um acordo ou não sobre um mecanismo especial para financiar "perdas e danos" ou sobre um novo objetivo para passar de US$ 100 bilhões a partir de 2025, as necessidades de financiamento são contabilizadas em "bilhões de bilhões", revela Michai Robertson, negociador da Aliança de Pequenos Estados Insulares (Aosis), julgando que isso será impossível sem o setor privado.

O comprometimento do setor privado também estará em destaque com a publicação do relatório do grupo de especialistas da ONU responsável pelo desenvolvimento de padrões para avaliar os objetivos de neutralidade carbônica de empresas, cidades, regiões ou investidores. Porque "o nosso mundo já não pode suportar greenwashing (propagandas enganosas, as “maquiagens verdes”, praticadas por algumas empresas, ongs e governos), fingimentos e retardatários", sublinhou António Guterres.

(Com informações da AFP)

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