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Ucrânia diz ter retomado parte da fronteira perto de Kharkiv; autoridades contam mortos

As forças armadas ucranianas anunciaram nesta segunda-feira (16) ter expulsado as tropas russas e retomado o controle de uma parte de sua fronteira com a Rússia no nordeste do país. A região fica nos arredores de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, que foi cenário de bombardeios intensos desde o início da invasão em fevereiro.

Militaires ucranianos perto de uma das cidades retomadas nos arredores de Kharkiv.
Militaires ucranianos perto de uma das cidades retomadas nos arredores de Kharkiv. AP - Mstyslav Chernov
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Com informações de Murielle Paradon e Sami Boukhelifa, enviados especiais da RFI.

No 82º dia da invasão russa, o ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que seu exército havia empurrado as tropas russas e retomado parte da fronteira com a Rússia, a norte de Kharkiv.

O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovich havia afirmado no domingo (15) que os russos estavam movimentando suas tropas da região de Kharkiv para a região de Donbass, no sudeste do país, onde pretende ampliar seu controle, tomando a cidade de Severodonetsk.

Em Mariupol, cidade sitiada há semanas pelos russos, os combatentes ucranianos feridos serão transferidos da siderúrgica de Azovstal. O ministério russo de Defesa afirmou que um novo cessar-fogo foi estabelecido no entorno da usina e um "corredor humanitário" foi aberto. Os soldados ucranianos serão levados para serviços médicos em Nozoazovsk, território controlado por forças russas e pró-russas. 

Retomada da fronteira: um ato simbólico

O anúncio do governo ucraniano sobre a retomada da fronteira na região de Kharkiv nesta segunda foi acompanhado da publicação de um vídeo que mostra soldados erguendo um marco fronteiriço azul e amarelo, cores da bandeira da Ucrânia.

"Estamos orgulhosos de nossos soldados que restauraram a fronteira. Agradecemos a todos que estão arriscando suas vidas para libertar a Ucrânia dos invasores russos", escreveu o governador da região, Oleg Sinegubov, em um canal do Telegram.

No domingo, um dos conselheiros da presidência ucraniana havia anunciado uma mudança na estratégia russa. As tropas estariam deixando o nordeste da Ucrânia para se concentrar na região de Lugansk, no Donbass. O objetivo seria tomar a cidade de Severodonetsk.

"Para fingir uma vitória, o inimigo se concentra em dois objetivos: ou avançar as fronteiras da região de Lugansk", parte da qual tem sido controlada por separatistas pró-russos desde 2014, ou "tomar Severodonetsk". A cidade tornou-se a capital administrativa da parte da região controlada pela Ucrânia.

Ucraniano ao lado de corpo de soldado russo, na cidade de Vilkhivka, recentemente retomada pelas forças ucranianas perto de Kharkiv
Ucraniano ao lado de corpo de soldado russo, na cidade de Vilkhivka, recentemente retomada pelas forças ucranianas perto de Kharkiv AP - Felipe Dana

Kharkiv conta seus mortos

Na lenta retomada da região de Kharkiv, as autoridades ucranianas contam os mortos e recuperam os corpos de seus soldados e dos combatentes russos. Os corpos dos russos devem ser enviados de volta a Moscou.

O odor do necrotério de Kharkiv é forte e acre. Pelo chão, os corpos foram alinhados embaixo de uma lona enquanto aguardam o exame dos funcionários do necrotério. Em um grupo separado, dois corpos com membros negros e vestidos com uniformes militares russos.

O estado de putrefação dos corpos é efeito do tempo de abandono. “Estes corpos estavam no campo de batalha há um mês”, explica o diretor do necrotério, Yuri Nikolaevitch, à reportagem RFI. “Eles serão levados a um local refrigerados e enviados para a Rússia.”

A troca de corpos de soldados mortos em batalha é parte da Convenção de Genebra. E os ucranianos mostram à imprensa estrangeira para desmentir os rumores de que parte dos russos estariam sendo enterrados ou guardados na Ucrânia.

Até agora, é difícil saber quantos homens morreram nessa guerra iniciada em fevereiro. Kiev estima que perdeu cerca de 3.000 soldados e afirma que 25.000 russos morreram, mas Moscou nega os números, falando apenas sobre "perdas significativas".

Em Kharkiv, as autoridades ucranianas se recusam a dizer quantos são os soldados russos encontrados mortos no território ou quantos foram levados ao necrotério.

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