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ONG ucraniana denuncia que russos fizeram reféns em único hospital que ainda funciona em Mariupol

Centenas de pessoas, médicos e pacientes, reféns no hospital de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, seriam impedidos de sair pelas tropas russas desde terça-feira (15), segundo uma ONG ucraniana, que conseguiu falar com uma das pessoas retidas no hospital. A informação foi confirmada pelo governador da região de Donetsk, em um comunicado de imprensa. Nesta quinta-feira (17), autoridades locais e ativistas de direitos humanos estão preocupados com o destino dos reféns.

Um voluntário trabalha dentro de uma maternidade danificada por bombardeio em Mariupol, Ucrânia, em 9 de março de 2022.
Um voluntário trabalha dentro de uma maternidade danificada por bombardeio em Mariupol, Ucrânia, em 9 de março de 2022. AP - Evgeniy Maloletka
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"Recebemos uma ligação de uma pessoa neste hospital. Essa testemunha nos explicou que a equipe de enfermagem e os pacientes eram reféns das tropas russas. Os soldados não deixam ninguém sair e atiram em quem tenta escapar", denuncia à RFI Olga Reshetylova, coordenadora da ONG ucraniana Iniciativa Mediática para os Direitos Humanos, acrescentando que hoje eles não conseguiram acesso telefônico ao hospital. 

Faltam paredes, vidros nas janelas e, claro, medicamentos e equipamentos, mas é o único hospital em Mariupol que ainda funciona. "Lá dentro, reunidos no porão, estão cerca de 200 pacientes, médicos e centenas de habitantes, levados à força pelos russos, segundo o governador da região", disse Reshetylova.

Propaganda russa

"Posicionados nas janelas, os soldados russos estão atirando nas posições do exército ucraniano para fazer crer que são os ucranianos que estão atacando o seu próprio povo", denuncia a ONG.

E não é por acaso, segundo Olga Reshetylova: "Acho que depois do terrível ataque ao hospital infantil de Mariupol, os russos querem imagens para sua propaganda, fotos mostrando que o exército ucraniano também está atirando em um hospital". 

"É uma abordagem usual para os russos, eles fizeram isso várias vezes em Donetsk e Luhansk em 2014 e eu acho que eles estão tentando fazer o mesmo"; completa.

A guerra também acontece através de imagens, o mundo inteiro viu a foto de uma jovem grávida,carregada em uma maca, depois de ter sido ferida na semana passada. Nem ela nem seu bebê sobreviveram.

A Rússia declarou que o ataque à maternidade e hospital infantil em Mariupol, no dia 9 de março, foi uma “encenação”. O episódio foi condenado com firmeza pela comunidade internacional.

Funcionários e voluntários de emergência ucranianos carregam uma mulher grávida ferida da maternidade, danificada por bombardeios, em Mariupol, Ucrânia, quarta-feira, 9 de março de 2022. (Foto AP/Evgeniy Maloletka)
Funcionários e voluntários de emergência ucranianos carregam uma mulher grávida ferida da maternidade, danificada por bombardeios, em Mariupol, Ucrânia, quarta-feira, 9 de março de 2022. (Foto AP/Evgeniy Maloletka) AP - Evgeniy Maloletka

Biden acusa Putin de ser "criminoso de guerra"

Na noite de quarta-feira (16), o presidente americano, Joe Biden, disse que considerava Putin um "criminoso de guerra", após o ataque russo a um teatro em Mariupol onde centenas de civis se abrigavam

"O avião jogou uma bomba no prédio onde centenas de civis estavam abrigados. É impossível estabelecer imediatamente o balanço dos estragos porque os bombardeios nos alojamentos continuam", escreveu a prefeitura de Mariupol no Telegram, ao postar uma foto do local parcialmente destruído.

O Ministério da Defesa russo, por sua vez, negou ter bombardeado o teatro, atribuindo a explosão ao batalhão nacionalista ucraniano Azov. Moscou já implicou esta unidade militar no atentado à maternidade de Mariupol, na semana passada, ataque que provocou uma forte reação internacional.

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