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Líderes de Israel e Egito se reúnem pela primeira vez em mais de dez anos

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, recebeu nesta segunda-feira (13) Naftali Bennett, o primeiro chefe de governo israelense a visitar o Egito em mais de 10 anos. O encontro em Sharm el Sheikh, no Mar Vermelho, foi uma oportunidade para os dois líderes discutirem questões de segurança e o conflito israelo-palestino.

O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett (esquerda) conversa com o presidente do Egito, Abdel Fatah al Sisi. Em 13 de setembro de 2021, em Sharm el Sheikh, no Egito.
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett (esquerda) conversa com o presidente do Egito, Abdel Fatah al Sisi. Em 13 de setembro de 2021, em Sharm el Sheikh, no Egito. - Presidencia de Egipto/AFP
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O Egito é o país árabe de maior população e o primeiro a assinar um acordo de paz com os israelenses, em 1979. Fazendo fronteira ao leste com a Faixa de Gaza e Israel, o país atuou como mediador, em maio, para obter o fim da guerra entre o Estado hebreu e o movimento islâmico Hamas, que controla o território palestino.

O Egito recebe de maneira regular representantes do Hamas, assim como de seu rival, a Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas. Ao mesmo tempo, mantém relações diplomáticas, comerciais e de segurança com Israel. O encontro é uma tentativa de reunir "esforços para relançar o processo de paz" entre israelenses e palestinos, que estão paralisados ​​desde 2014.

No domingo (12), ao propor "melhorar" as condições de vida dos moradores de Gaza em troca de um compromisso de "calma" por parte do Hamas, o ministro israelense das Relações Exteriores, Yair Lapid, voltou a recordar a “importância vital do Egito". Este projeto "não avança sem o apoio e a participação dos sócios egípcios e de sua capacidade para falar com todas as partes envolvidas", completou.

A visita de Bennett representa um "passo importante para o desenvolvimento das relações econômicas e de segurança" entre os países e sua "preocupação comum" a respeito de Gaza, analisa Nael Shama, especialista em política externa egípcia e professor no Cairo. Ele acrescenta que o encontro “é significativo para o projeto egípcio de reativar as negociações políticas entre Israel e a Autoridade Palestina".

Cooperação no Sinai

Em uma entrevista ao canal americano CBS, em 2019, Sissi reconheceu que o exército egípcio operava ao lado de Israel contra os "terroristas" no norte do Sinai. Ele chamou a cooperação de "a mais estreita" que já existiu entre os dois vizinhos.

Graças ao tratado de paz que acabou com a guerra entre os dois países, o Egito recuperou a soberania sobre a península do Sinai, ocupada por Israel desde 1967, mas com a condição de desmilitarizar a zona. Entretanto, desde 2013, o país enfrenta uma insurgência liderada por um braço do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Egito e Israel também desenvolveram laços no setor energético, uma questão estratégica no leste do Mediterrâneo. Desde 2020, o Egito recebe gás natural de Israel para liquefazer e reexportar para a Europa. Trata-se de um negócio avaliado em € 13,3 bilhões.

O último encontro entre um presidente egípcio e um primeiro-ministro israelense havia acontecido em janeiro de 2011. À época, Hosni Mubarak recebeu o então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Poucos dias depois, Mubarak foi deposto por uma revolta popular, seguida, dois anos mais tarde, pela derrubada de seu sucessor, Mohamed Mursi, e pela tomada do poder por parte de Sissi.

Mensagem a Washington

Israel e Egito são dois dos principais aliados de Washington no Oriente Médio e grandes beneficiários da ajuda militar americana. O Cairo já sinalizou ao governo americano de Joe Biden sobre o “seu papel indispensável na estabilização do conflito" israelense-palestino, destaca Nael Shama.

O pesquisador lembra que se durante muito tempo a população egípcia foi hostil à normalização das relações com Israel, o fato de que, a partir de 2020, quatro países árabes - Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão - normalizaram laços com o Estado hebraico marca um divisor de águas para a política na região.

(Com informações da AFP)

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