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Afeganistão: "Qualquer ataque contra nossas tropas dará origem a represálias”, diz Pentágono

Diante do avanço do Talibã no Afeganistão, o Reino Unido e os Estados Unidos organizam o resgate de seus colaboradores no país – compatriotas e afegãos – e enviarão tropas adicionais para a operação. A ação, no entanto, não representa um reengajamento no conflito, e o Pentágono ameaça com represálias casos de ataques talibãs.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, fala durante coletiva em Washington, quinta-feira, 12 de agosto de 2021.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, fala durante coletiva em Washington, quinta-feira, 12 de agosto de 2021. AP - Andrew Harnik
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Por Guilhem Delteil, do serviço internacional, e Loubna Anaki, correspondente da RFI em Nova York

A chegada desses reforços militares deve começar em alguns dias. Cerca de 600 soldados serão enviados pelo Reino Unido. Mas eles não irão para lutar. "A segurança de cidadãos e militares britânicos e ex-funcionários afegãos é nossa primeira prioridade", afirmou o ministro da Defesa Ben Wallace nesta quinta-feira (12), em Londres. A missão será garantir a segurança da embaixada em Cabul e a retirada de cidadãos afegãos que ajudaram o Reino Unido.

Os Estados Unidos, por sua vez, enviarão 3 mil soldados de volta ao Afeganistão, quintuplicando assim sua presença militar, embora estejam totalmente desligados do país. Mas, também para Washington, esta medida visa exclusivamente garantir a retirada em segurança de americanos e afegãos que contribuíram com as tropas internacionais.

“Acreditamos que esta é a coisa mais prudente a fazer, dada a rápida deterioração da situação de segurança em torno de Cabul. Enfatizo que essas tropas são enviadas a pedido do Departamento de Estado para garantir a segurança e o bom andamento da retirada de nosso pessoal civil e para facilitar e agilizar o processo dos pedidos de vistos especiais. É uma missão temporária com um objetivo específico. Qualquer ataque contra essas tropas dará origem a represálias”, insistiu John Kirby, porta-voz do Pentágono.

Com o agravamento da crise de insegurança em território afegão, os voos de repatriação estão acontecendo diariamente. Mas o governo dos Estados Unidos insiste que não se trata de um reengajamento no conflito. O envio de tropas americanas não será usado para realizar ataques contra o Talibã, garante o Pentágono.

Mas, por enquanto, nenhum país parece querer se envolver nessa disputa. Tanto Washington quanto Bruxelas se contentam em ameaçar o Talibã com isolamento internacional se tomarem o poder pela força.

Doze capitais de província ocupadas

As decisões de Washington e Londres ocorrem meio a uma rápida e perigosa escalada de violência no Afeganistão, em que os talibãs já controlam 12 das 34 capitais de províncias do país e se aproximam de Cabul.

Nesta sexta-feira (13), o Talibã tomou mais duas capitais de províncias vizinhas ao sul, assumindo o controle de Kandahar, capital da província que recebe o mesmo nome e segunda maior cidade do país, e Lashkar Gah, capital da província de Helmand. As ocupações acontecem após a conquista ontem da terceira maior cidade do país, Herat, que faz fronteira com o Irã.

Com isso, no sul do país, berço do movimento desses combatentes pashtuns, onde sua presença nunca desapareceu completamente, o Talibã reforçou suas posições. "Depois de confrontos violentos na noite passada, o Talibã assumiu o controle da cidade de Kandahar", revelou um funcionário do governo local à Reuters após os insurgentes reivindicarem a conquista da cidade.

As forças do governo ainda controlam o aeroporto da cidade, que abrigava a segunda maior base dos Estados Unidos no Afeganistão durante a intervenção militar de duas décadas no país.

Na província vizinha de Helmand, onde o Talibã conquistou a capital, Lashkar Gah, após duas semanas de combates pesados, uma autoridade policial, que pediu anonimato, informou que militares e autoridades locais deixaram a sede do governo provincial de helicóptero, na véspera em torno da meia-noite, e que os cerca de 200 soldados que permaneceram no local acabaram se rendendo aos talibãs, com a intervenção de líderes tribais.

(Com informações da Reuters)

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