Talibãs tomam 3ª maior cidade do Afeganistão, e EUA mandam tropas para evacuar norte-americanos
Os talibãs ganham a cada hora mais terreno no Afeganistão. Após um avanço rápido dos conflitos nesta quinta-feira (12), o grupo tomou o poder em Herat, a terceira maior cidade do país, e está prestes a invadir Kandahar, a segunda maior cidade do Afeganistão.
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Há semanas, o exército afegão e combatentes voluntários do antigo general Ismail Khan resistiam e mantinham o controle da grande cidade do oeste do país. O esforço foi em vão, os Talibãs "tomaram tudo", admitiu um líder do exército.
As forças armadas afegãs se retiraram para uma base militar na vizinha Guzara "para evitar mais danos à cidade", disse o comandante.
Entre as mais de uma dezena de capitais já sob comando dos talibãs, está a cidade de Ghazni, a apenas 140 km a sudoeste de Cabul. O controle sob Ghazni é crucial, pois os talibãs poderão barrar o tráfego de munição e comida para as forças afegãos que estão ao sul do país, aumentando a pressão sobre a frágil frota aérea do país.
A segunda maior cidade do país, Kandahar, antiga capital do regime talibã entre 1996 e 2001 e outro ponto estratégico está prestes a ser totalmente tomada pelos insurgentes.
Com as últimas conquistas, a cúpula do exército norte-americano no Afeganistão teme que o país seja dominado pelos talibãs em 30 dias, segundo reportou o jornal The New York Times.
EUA e Reino Unido mandam tropas
A iminência da invasão talibã em Cabul levou os Estados Unidos e o Reino Unido a anunciarem o envio de tropas para dar segurança à retirada de seus cidadãos do território afegão.
Ao total, 3.600 soldados serão enviados à capital afegã nos próximos dias para organizar a retirada dos funcionários das embaixadas norte-americana e britânica, dos soldados que ainda estavam no país e outros cidadãos.
A evacuação deve incluir também afegãos que ajudaram as tropas estrangeiras durante os anos de ocupação e guerra contra o talibã. O Reino Unido estima receber cerca de 4 mil afegãos que têm o visto britânico.
Cabul propõe poder compartilhado
Diante da deterioração da situação militar, Cabul ofereceu a "partilha do poder ao Talibã em troca de um ponto final para a violência no país", declarou, sob condição de anonimato, um negociador do governo afegão em Doha.
O presidente afegão Ashraf Ghani tinha rejeitado até agora os apelos por um governo interino que inclua o Talibã.
Sua mudança de posição, no entanto, pode chegar tarde demais, pois os insurgentes não mostraram, desde a abertura das negociações de paz em setembro de 2020, nenhum sinal de que estão dispostos a se comprometer. Com o avanço bélico nos últimos dias, é ainda menos provável que se sintam atraído por uma negociação.
Nas últimas semanas, os conflitos no país causaram mais de 180 mortes e quase 360 mil refugiados.
(Com informações de Sonia Ghezali, correspondente da RFI em Cabul, e da AFP)
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