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Polícia reprime movimento popular contra Autoridade Palestina na Cisjordânia

Depois de quatro dias consecutivos, a violenta repressão conduzida pela Autoridade Palestina atingiu seu objetivo: o movimento popular que teve início em Ramallah começa a perder fôlego. A greve geral convocada para esta segunda-feira (28) não teve muita adesão, e a população não ousa sair às ruas, temendo a violência policial. 

Polícia cerca manifestantes na Cisjordânia, que protestam contra Autoridade Palestina
Polícia cerca manifestantes na Cisjordânia, que protestam contra Autoridade Palestina AP - Nasser Nasser
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Sami Boukhelifa, enviado especial da RFI à Ramallah

A greve geral convocada para esta segunda-feira (28) não teve muita adesão e a população não ousa sair às ruas, temendo a violência policial. Manal Shqair, militante palestina dos Direitos Humanos, conversa discretamente com a reportagem da RFI em um café no centro da cidade.  

"Nosso movimento era pacífico", diz. "Membros das forças de segurança palestinos, vestidos como civis e armados com cacetetes, primeiro usaram gás de pimenta. Em seguida, vieram para cima da gente, privilegiando principalmente as mulheres. Algumas meninas sofreram abusos, mas ninguém pôde registrar nada: eles levaram nossos celulares", conta.

Para a militante, os palestinos podem ir às ruas, mas apenas uma forte pressão internacional poderá derrubar seus dirigentes. "Desde sua criação, a Autoridade Palestina é financiada em parte pela Europa. Mas nossos dirigentes corruptos só agem em função de seus próprios interesses. Hoje minha mensagem vai para a União Europeia, para a França: tenham certeza que sua ajuda financeira não serve para reprimir palestinos, mas para lutar contra a ocupação", comenta. Para Manal Shqair e outros jovens palestinos, "a ocupação israelense e a Autoridade Palestina são duas faces da mesma moeda".

Morte de Nizar Banat

Diversas manifestações vêm sendo registradas em Hebron, Belém e Ramallah, na Cisjordânia, para protestar contra a morte do célebre militante dos direitos humanos palestinos, Nizar Banat, que estava detido pela Autoridade Palestina. Na quinta-feira (24), ele foi torturado até a morte pelas forças de segurança palestinas. Banat era conhecido por seus vídeos postados no Facebook nos quais criticava a Autoridade Palestina, presidida por Mahmud Abbas, a quem acusava de corrupção.

Sua morte na quinta-feira, horas depois de ser detido pelas forças de segurança palestinas, gerou indignação na Cisjordânia, onde manifestantes pediram a saída do presidente palestino. No sábado (26), milhares de pessoas foram às ruas em Hebron e Ramallah, onde a Autoridade Palestina tem sua sede.

Milhares de pessoas compareceram na sexta-feira, em Hebron, ao funeral de Banat, que foi detido na madrugada de quinta-feira na casa de um tio, segundo sua família, que acusa as forças de segurança de tê-lo "assassinado".O primeiro-ministro palestino, Mohammed Shtayyeh, anunciou a abertura de uma investigação. Banat tinha sido candidato independente às legislativas palestinas, que deviam ter sido realizadas em maio e foram adiadas por Abbas sem data prevista.

Jornalistas manifestam

Cinquenta jornalistas palestinos se manifestaram nesta segunda-feira (28) em Ramallah em nome da liberdade de imprensa na Cisjordânia ocupada, solicitando à ONU que os "proteja" após a violência desencadeada durante as manifestações contra a Autoridade Palestina.  Os jornalistas também afirmaram terem sido agredidos pela polícia, mobilizada em massa.

Oitenta e quatro por cento dos palestinos consideram a Autoridade Palestina corrupta, segundo uma pesquisa publicada em meados de junho pelo Centro de Pesquisas Palestino sobre a Política e as Consultas (PCPSR), com sede em Ramallah. A Autoridade Palestina tem poderes limitados em cerca de 40% da Cisjordânia, território palestino ocupado pelo exército israelense desde 1967. Israel, que controla todos os acessos, administra o restante deste território, assim como as colônias instaladas ali.

(RFI e AFP)

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