Com risco de boicote pela população, eleição iraniana pode colocar ultraconservador no poder
O Irã organiza eleições presidenciais nesta sexta-feira (18) em um contexto de crise econômica e social. O ultraconservador Ebrahim Raissi aparece como favorito, após uma campanha marcado pela ausência de candidatos de peso e um risco de boicote da população na hora do voto.
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Quase 60 milhões de iranianos estão registrados para comparecer às urnas para eleger o sucessor de Hassan Rohani. Segundo a legislação local, o atual presidente, um moderado na cena política, não pode tentar se reeleger, após dois mandatos consecutivos de quatro anos.
Cerca de 600 candidatos se apresentaram para o cargo. Mas o Conselho de Guardiões da Constituição, que tem a decisão final na escolha dos presidenciáveis, autorizou apenas sete homens a disputar.
Na reta final, três dos candidatos validados desistiram, menos de uma semana antes do pleito. Dois deles, o ex-vice-presidente reformista Mohsen Mehralizadeh e o deputado ultraconservador Alireza Zakani, pediram votos para Ebrahim Raissi. Essa configuração alimentou em muitos iranianos a sensação de que o jogo foi decidido de antemão para garantir a vitória do candidato ultraconservador e desanimou muita gente que queria votar.
Se soma à essa situação a decepção ou o desencanto após oito anos de presidência de Hassan Rohani, que apresenta um balanço econômico desastroso. Pois mesmo se o Irã voltou a crescer em 2016, após a assinatura no ano anterior do acordo internacional sobre o programa nuclear, a saída dos Estados Unidos do pacto em 2018 e o retorno das sanções americanas afundaram o país em uma violenta recessão, que se agravou com a pandemia de Covid-19.
Os opositores – quase todos no exílio – estimulam nas redes sociais campanhas de boicote à eleição presidencial. As poucas pesquisas de opinião disponíveis apontam uma participação inferior a 40%.
"Presidente poderoso"
Chefe do Poder Judiciário, Ebrahim Raissi, 60 anos, é conhecido por ser próximo do guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. O líder religioso, aliás, apelou aos seus compatriotas mais uma vez na quarta-feira (16) a não ouvir os pedidos de boicote à votação nas redes sociais. Segundo o guia supremo, é importante comparecer às urnas em massa para eleger um "presidente poderoso".
O aiatolá declarou no início de junho que abster-se de votar significava cumprir com "a vontade dos inimigos do Irã". O líder religioso visa principalmente "a mídia americana e britânica" que, segundo ele, "estão fazendo todo o possível para desafiar (e) minar as eleições da República islâmica".
(Com informações da AFP)
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