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Irã valida sete candidaturas para eleição presidencial de junho, a maioria ultraconservadores

As autoridades iranianas anunciaram nesta terça-feira (25) ter validado as candidaturas de cinco ultraconservadores e de dois reformistas para a eleição presidencial prevista para junho. A decisão gerou polêmica pela desqualificação de três candidaturas de peso, entre elas a do ex-presidente Mahmud Ahmadinejad. O chefe da Autoridade Judicial, o ultraconservador Ebrahim Raissi, é o favorito. 

O chefe da Autoridade Judicial do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raissi, tem 72,5% das intenções de voto na eleição presidencial de 18 de junho.
O chefe da Autoridade Judicial do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raissi, tem 72,5% das intenções de voto na eleição presidencial de 18 de junho. AP - Ebrahim Noroozi
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Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã, com agências

Cerca de 24 horas antes do previsto, o Ministério iraniano do Interior publicou a lista de candidatos autorizados a se apresentarem ao primeiro turno da eleição presidencial no próximo 18 de junho. O vencedor vai suceder o atual presidente, o moderado Hassan Rohani.

O anúncio das candidaturas causou uma tempestade no cenário político iraniano. Se a desqualificação do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad já era esperada, a do conservador moderado Ali Larijani, ex-chefe do parlamento e atual conselheiro do guia supremo Ali Khamenei, e do reformista Eshaq Yahanguiri causou uma forte surpresa. 

Ahmadinejad governou o Irã de 2005 à 2013. Em 2017, sua candidatura também foi rejeitada pelo Conselho de Guardiões da Constituição, que controla o processo eleitoral. Com a invalidação de sua participação prevista pela imprensa iraniana, o ex-presidente, que se apresenta como "um filho do povo" advertiu no início deste mês que boicotaria a eleição se isso ocorresse. 

"Milhões de pessoas em todo o país me convidaram a me apresentar à eleição (...) deixando uma dura responsabilidade sobre meus ombros", afirmou em 14 de maio. Para ele, a votação é "a última chance" para salvar o Irã, diante de tantos desafios, tanto internos quanto em matéria de política internacional. 

Embora os candidatos rejeitados possam recorrer da decisão até meia-noite desta terça-feira, Larijani já publicou no Twitter um comunicado, no qual se declara satisfeito com a "decisão de Deus".

A decisão do Conselho de Guardiões da Constituição parece abrir caminho para a vitória do chefe da Autoridade Judicial, Ebrahim Raisi, que obteve 38% dos votos em 2017. O ultraconservador se apresenta como o maior adversário da corrupção e defensor das classes desfavorecidas. 

Dois candidatos reformistas e cinco ultraconservadores

Segundo a lista do Ministério do Interior, os dois candidatos reformistas autorizados são Abdolnaser Hemmati, presidente do Banco Central, e o ex-vice-presidente Mohsen Mehralizadeh.

Além de Ebrahim Raisi, os ultraconservadores que disputarão a presidência são Said Yalili, ex-secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Mohsen Rezai, ex-comandante-chefe dos Guardiões da Revolução, e os deputados Alireza Zakani e Amirhossein Ghazizadeh-Hashemi.

No total, quase 600 pessoas apresentaram sua candidatura à eleição presidencial. 

72,5% das intenções de voto para Ebrahim Raisi

A agência de notícias Fars, próxima aos ultraconservadores, publicou nesta terça-feira o resultado de uma pesquisa que aponta que Ebrahim Raisi tem 72,5% das intenções de voto. Ela considerou que a decisão do Conselho dos Guardiões da Constituição "não sacrificou a lei pelo oportunismo e que, em seu processo de seleção, enfatizou os antecedentes das pessoas, independentemente de seu cargo".

No entanto, a decisão deste órgão gerou uma intensa polêmica. "Nunca vi tantas críticas, da extrema direita à extrema esquerda [do meio político iraniano], ao Conselho de Guardiões por desqualificar, ou oprimir, esse, ou aquele", tuitou o jornalista reformista Mostafa Faghihi.

A rejeição de candidatos moderados e reformistas pode afetar a taxa de participação na eleição. Segundo pesquisas recentes, a abstenção pode ultrapassar 50%. 

A crise econômica e epidemia de Covid-19 devem desmotivar os eleitores de irem às urnas. Nas eleições legislativas de 2020, 57% dos eleitores não foram votar.  

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