Burkina Faso confirma que os três jornalistas europeus desaparecidos foram mortos por terroristas
Os três jornalistas europeus que estavam desaparecidos após um ataque na segunda-feira (26) no leste de Burkina Faso - dois espanhóis e um irlandês - "foram executados por terroristas", declarou nesta terça-feira (27) um oficial da segurança do país africano. Um pouco antes, Madri havia confirmado a morte de dois cidadãos.
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"As pessoas nas imagens divulgadas por grupos armados foram identificadas como os três ocidentais que estavam desaparecidos desde ontem", afirmou. "É lamentável", reiterou o oficial, sem se identificar.
Os dois espanhóis e o irlandês mortos eram "jornalistas que trabalhavam em nome de uma ONG que atua pela proteção do meio ambiente", indicou uma fonte da segurança de Burkina Faso. Eles investigavam a caça ilegal no leste do país.
Em Madri, o primeiro-ministro Pedro Sánchez confirmou a morte dos dois espanhóis. "A pior notícia foi confirmada. Todo o nosso carinho aos familiares e amigos de David Beriain e Roberto Fraile, assassinados em Burkina Faso", escreveu o premiê em sua conta no Twitter, expressando seu "reconhecimento a todos aqueles que, como eles, praticam diariamente um jornalismo valente e essencial em zonas de conflito".
Se confirma la peor de las noticias. Todo el cariño para los familiares y allegados de David Beriain y Roberto Fraile, asesinados en Burkina Faso. Y nuestro reconocimiento a quienes, como ellos, realizan a diario un periodismo valiente y esencial desde las zonas de conflicto.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) April 27, 2021
O Ministério das Relações Exteriores da Irlanda afirmou estar "ciente" do desaparecimento de um cidadão do país. No entanto se recusou a "comentar os detalhes de um caso em particular".
Investigação sobre caça ilegal
Em Paris, o secretário-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire, anunciou no Twitter que "David Beriain e Roberto Fraile, dois jornalistas espanhóis reputados, foram mortos durante um ataque no leste do país [Burkina Faso]". "Esta tragédia confirma os grandes perigos que os repórteres enfrentam no Sahel", ressaltou.
#BurkinaFaso 🇧🇫: @RSF_inter est en mesure de confirmer que David Beriáin et Roberto Fraile, 2 journalistes espagnols réputés, ont été tués hier dans l'est du pays. L’identité de la ou des autres victimes n’a pas été officiellement confirmée. pic.twitter.com/R9dfnyMsI4
— RSF (@RSF_inter) April 27, 2021
Na segunda-feira, uma patrulha composta por soldados e guardas florestais de Burkina Faso, acompanhada por instrutores e jornalistas ocidentais, foi atacada no eixo Fada N'Gourma-Pama, no leste do país. Até o momento, ninguém reivindicou o ato.
Um morador local continua desaparecido após a ofensiva que também deixou três feridos. De acordo com as autoridades, "trata-se de um agente" dos serviços de segurança "que conhece muito bem a zona da floresta de Pama, perto de Natiaboani, onde ocorreu o ataque".
Agressão é de autoria de homens armados que viajavam em duas pick-ups e uma dúzia de motocicletas, segundo fontes da segurança. Armas e equipamentos, motocicletas, duas pick-ups e um drone foram roubados pelos agressores.
Burkina Faso, que faz fronteira com o Mali e Níger, tem sido alvo frequente de massacres de grupos extremistas islâmicos desde 2015. Concentradas inicialmente no norte do país, na fronteira com o Mali, as atrocidades atribuídas a grupos radicais islâmicos - incluindo o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM) afiliado à Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS) - agora visam a capital e outras regiões, notadamente o leste e o noroeste.
Desde 2015, as violências deixaram mais de 1.200 mortos e mais de um milhão de pessoas deslocadas.
(Com informações da AFP)
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