Acessar o conteúdo principal

Prêmio Nobel da Paz 2020 recompensa Programa Mundial de Alimentos da ONU

O Prêmio Nobel da Paz de 2020 foi atribuído nesta sexta-feira (9) ao Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas por seus esforços no combate à fome no mundo, em especial nas zonas de conflito. O anúncio foi feito pelo Comitê norueguês do Nobel, nesta manhã. 

Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU vence Nobel da Paz.
Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU vence Nobel da Paz. AP - Robert Bumstead
Publicidade

O PMA, um braço da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), é considerado a maior agência humanitária do planeta. O programa é recompensado no momento em que a pandemia de coronavírus gerou um forte aumento da fome no mundo.

Segundo a presidente do Comitê Nobel, Berit Reiss-Andersen, o PMA foi recompensado por "seus esforços de luta contra a fome, por sua contribuição para a melhoria das condições de paz nas zonas atingidas por conflitos e por ter desempenhado um papel de liderança nos esforços, visando a impedir o uso da fome como arma de guerra".

Para ela, "a necessidade de solidariedade internacional e de cooperação multilateral é mais evidente do que nunca". "A pandemia de coronavírus contribuiu a um forte aumento do número de vítimas da fome no mundo. Esperando o dia em que nós teremos uma vacina, a comida continua sendo a melhor vacina contra o caos", ressaltou Reiss-Andersen.

Receber o Prêmio Nobel da Paz é um "momento de orgulho", reagiu o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, após o anúncio. "Uma das belezas das atividades do PMA é que não fornecemos alimentos apenas para hoje e amanhã, mas também fornecemos às pessoas os conhecimentos necessários para se sustentarem nos dias que se seguem", disse Phiri em uma entrevista coletiva em Genebra, logo após saber que sua organização havia sido premiada.

"Profundos agradecimentos ao @NobelPrize, que concedeu ao Programa Mundial de Alimentos o #NobelPeacePrize 2020. É um poderoso lembrete para o mundo de que a paz e a erradicação da fome são indissociáveis", reagiu o programa no Twitter, nesta sexta-feira.

Como atua o PMA

O PMA foi fundado em 1961, tem sede em Roma e é financiado exclusivamente por doações voluntárias. Segundo Phiri, em 2020, os doadores enviaram cerca de US$ 8 bilhões ao programa, um montante recorde. No entanto, o porta-voz lembrou que o orçamento de 2020 foi estabelecido antes da pandemia. "Continuamos pedindo que os doadores sigam nos ajudando", reiterou.

O programa se define como "a maior organização humanitária" em um mundo no qual 690 milhões de pessoas, ou seja, uma em cada 11, sofreram com a falta crônica de alimentos em 2019 – números que pioraram neste ano, com a pandemia dos novo coronavírus. Segundo uma estmativa do PMA, a fome pode atingir 270 milhões de pessoas até o final deste ano – um aumento de 82% em relação ao ano anterior.

A agência diz que distribuiu 15.000 rações de alimentos no ano passado e ajudou 97 milhões de pessoas em 88 países. Os números podem parecer altos, mas representam apenas uma fração muito pequena das necessidades do mundo.

"A questão da desnutrição aguda severa não é somente uma questão de falta de alimentos. Nos países em conflito, precisamos de paz, de estabilidade. Todo o resto torna-se menos grave quando temos paz", disse Phiri, citando como exemplo o Sudão do Sul, a Síria, o Iêmen e o Afeganistão.

"Estamos presentes em zonas de conflito, mas também em regiões que não estão em conflito. Estamos em países em desenvolvimento, ajudamos os governos a desenvolver políticas nacionais. Trabalhamos em diversos setores para ajudar os países que podem passar por necessidades", detalhou.

Competição acirrada

Essa é a 12a vez desde o nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, que o Comitê Nobel optou por conceder o prestigioso prêmio a uma instituição ou personalidade ligada à ONU. Antes do PMA, o último organismo relacionado às Nações Unidas a receber a recompensa foi o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007.

Este ano, 211 indivíduos e 107 organizações competiram pelo prêmio, mas a lista de candidatos é secreta. Em 2019, o prêmio foi concedido ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, por seus esforços de reaproximação com a ex-inimiga Eritreia.

Milhares de pessoas – entre parlamentares e ministros de todos os países, laureados, alguns professores universitários, entre outros – podem propor candidatos ao Comitê do Nobel.

A distinção, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e 10 milhões de coroas suecas (em torno de US$ 1,1 milhão), será entregue formalmente no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do fundador do Prêmio Nobel, o empresário e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896).

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.