Redes sociais e nada de debate: como um comediante se tornou favorito à Presidência da Ucrânia
Na reta final das eleições presidenciais na Ucrânia de 21 de abril, espera-se que 35 milhões de eleitores escolham entre o atual presidente Petro Poroshenko e o ator Volodymyr Zelenskiy, 41, favorito nas pesquisas. Ele ficou em primeiro lugar no primeiro turno graças a uma campanha eleitoral sem precedentes focada em redes sociais, que mobilizou jovens de 18 a 35 anos.
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Sébastien Gobert, correspondente da RFI em Kiev
Em Kiev, em uma sala branca com paredes de vidro, uma dúzia de jovens voluntários está ocupada diante de seus computadores: esse é um dos segredos da campanha inédita do comediante ucraniano Volodymyr Zelensky. Oleksandr Prokhorovitch, de 25 anos, coordena a equipe do candidato: "Aqui animamos as páginas de internet e respondemos perguntas, por email, no Facebook, no Instagram", conta.
Zelensky esnobou jornalistas, canais de televisão e comícios de campanha. Em vez disso, ele participou de shows, publicou vídeos originais e recrutou mais de 500.000 voluntários on-line. Tudo em sua campanha eleitoral passou pelas redes sociais. A consequência mais direta foi a mobilização do eleitorado de 18 a 35 anos.
Jovens não eram “incentivados a votar”
"Os jovens não foram incentivados a votar. Não estava na moda, era chato. Nós explicamos a eles que votar não é difícil, e que é muito importante. Se eles não vierem votar, alguém decidirá por eles ", diz Oleksandr Prokhorovitch.
Um dia após o primeiro turno, Petro Poroshenko copiou a estratégia do adversário. Ele conseguiu algum sucesso em suas redes sociais, mas sua estratégia se encontra atrasada. Mais uma prova de que a política tradicional foi destituída pela atuação de dez jovens voluntários conectados à internet dentro de uma sala.
Desencanto com elites corruptas favorece ator
A ascensão meteórica de Zelensky foi favorecida pelo desencanto dos eleitores ucranianos com suas elites manchadas por escândalos de corrupção.
Os críticos de Zelensky questionam sua capacidade de governar o país, apelidando-o de "Zero", enquanto seus defensores o veem como um novo rosto. Ele também é acusado por alguns de ser um fantoche do oligarca Igor Kolomoisky, um inimigo de Poroshenko, o que ele nega.
Poroshenko, de 53 anos, que iniciou uma série de reformas fundamentais, particularmente no exército e setor de energia, bem como na saúde pública e educação, é, contudo, amplamente criticado por esforços insuficientes na luta contra a corrupção. "Ainda é preciso um mandato presidencial para que as reformas se tornem irreversíveis", pediu.
A incansável Tymoshenko, de 58 anos, acusada de populismo, prometeu, por sua vez, reduzir pela metade os preços da gasolina para a população, sob o risco de irritar os credores da Ucrânia.
Os três favoritos são a favor de continuar a aproximação com o Ocidente.
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