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EUA/Oriente Médio

Por que a primeira viagem do vice americano ao Oriente Médio é tão delicada?

O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, iniciou neste sábado (20), no Cairo, sua primeira viagem pelo Oriente Médio. O giro diplomático é realizado em um contexto de grandes tensões originadas pela decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Vice-presidente americano faz primeira viagem ao Oriente Médio sob tensão
Vice-presidente americano faz primeira viagem ao Oriente Médio sob tensão REUTERS/Mandel Ngan/Pool
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Pence chegou ao Cairo acompanhado de sua mulher, Karen, e se reúne com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, aliado dos Estados Unidos. Depois, viajará para a Jordânia e, no domingo, segue para Israel, última etapa de seu giro pela região.

Inicialmente prevista para o final de dezembro, a viagem de Pence havia sido adiada após a decisão unilateral do presidente Trump, que acabou com décadas de diplomacia americana e quebrou um consenso internacional. O recochecimento por Washington de Jerusalém como capital de Israel provocou a indignação geral na região e a revoltou dos palestinos, que retiraram dos Estados Unidos o papel de mediador no processo de paz.

Autoridades religiosas se recusaram a receber Pence

A onda de manifestações contra a decisão do chefe da Casa Branca tomou vários países árabes e muçulmanos, entre eles Egito, onde o grande imã de Al-Azhar, principal instituição do Islã sunita, anunciou em dezembro sua negativa em receber Pence. O papa dos coptas, a minoria cristã do Egito, Teodoro II, também rejeitou receber o vice-presidente dos Estados Unidos, alegando que Trump "ignora os sentimentos de milhões de árabes".

Mas os governos árabes aliados de Washington se veem divididos entre as opiniões públicas hostis a Trump e o poderoso aliado americano. É o caso de Egito e Jordânia, com vínculos geopolíticos, ou com forte dependência financeira de Washington.

A ajuda militar americana ao Egito, que é de US$ 1,3 bilhão por ano, é considerada crucial pelo governo de Sissi, que aposta na segurança para controlar o país. Daí veio a prudente reação do Cairo diante da posição americana sobre Jerusalém. Ao saber que Washington pretendia transferir a sede de sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o Egito se limitou a dizer que essa opção iria "complicar" a situação.

Jerusalém no centro dos debates

O status de Jerusalém é um dos pontos cruciais do processo de paz com Israel, paralisado desde 2014. Os palestinos querem que Jerusalém Oriental – ocupada e anexada por Israel – seja a capital do Estado ao qual aspiram.

As relações entre Washington e os palestinos esfriou ainda mais esta semana após a decisão dos Estados Unidos de "congelar" mais da metade dos pagamentos previstos à agência da ONU para os refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). Isso afeta grande parte dos cinco milhões de pessoas refugiadas nos Territórios Palestinos, na Jordânia, no Líbano e na Síria.

Os palestinos disseram que iriam boicotar a visita de Pence. Diferentemente do que estava previsto em dezembro, ele não irá se reunir com o presidente Mahmud Abbas.

Após Egito e Jordânia, em 22 e 23 de janeiro, Pence terá encontros que se preveem muito amistosos com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o com presidente Reuven Rivlin. O representante da Casa Branca também fará um discurso no Parlamento e visitará o Muro das Lamentações na Cidade Velha de Jerusalém, assim como o Memorial do Holocausto Yad Vashem.

Com informações da AFP

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