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Milhares de mulheres yázidis são escravas sexuais do Estado Islâmico

"Foram sete. Primeiro um egípcio, um marroquino, depois um palestino". Haifa, uma jovem iraquiana, conta em seus dedos o número e a nacionalidade dos combatentes do Estado Islâmico que, durante seus dois anos de cativeiro, a compraram e venderam como escrava sexual.

Nadia Murad Basee Taha, da minoria yázidi, em foto de junho de 2016, ex-escrava sexual do grupo Estado Islâmico e atual embaixadora da ONU, dedicada a lutar contra o tráfico de seres humanos.
Nadia Murad Basee Taha, da minoria yázidi, em foto de junho de 2016, ex-escrava sexual do grupo Estado Islâmico e atual embaixadora da ONU, dedicada a lutar contra o tráfico de seres humanos. MARK WILSON / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
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Haifa [nome fictício], de 36 anos, e sua família são parte dos milhares de integrantes da minoria yázidi, especialmente perseguida pelos extremistas quando tomaram o controle de inúmeros territórios no Iraque e na Síria. Esta minoria religiosa fala o idioma curdo e professa uma religião pré-islâmica. O grupo Estado islâmico os considera hereges e politeístas, colocando-os no centro da mira dos extremistas. A ONU denunciou uma "tentativa de genocídio" contra seus membros.

"Havia uma espécie de mercado para onde levavam as mulheres yázidis para os combatentes jihadistas escolherem. Um dia apenas um deles comprou 21 mulheres", relata à AFP a mulher, que mantém sua identidade verdadeira sob o pseudônimo de Haifa. Presa em sua região natal de Sinjar, ela foi levada para Mossul, reduto iraquiano do Estado Islâmico, e depois foi transferida para Raqqa, bastião na Síria. "Nos tratavam muito mal. Nos fizeram sofrer coisas terríveis", relata.

Milhares de mulheres ainda são escravizadas

Depois de duas frustradas tentativas de fuga, Haifa recuperou sua liberdade há alguns dias graças a quem ela define - de forma muito discreta - como "benfeitores". Algumas mulheres yázidis conseguiram escapar do Estado Islâmico. Outras foram "compradas" para depois serem libertadas sem que o grupo soubesse.

O lançamento da ofensiva iraquiana para retomar Mossul em outubro reavivou a esperança de novas libertações. Estima-se que ainda restam três mil homens, mulheres e crianças nas mãos dos fundamentalistas islâmicos, declarou Hussein al-Qaidi, que comanda um workshop de ajuda a pessoas em cativeiro, em Dohuk, no Iraque, financiada pelas autoridades curdas iraquianas.

De modo geral, diante das ofensivas iraquianas, os jihadistas fugiam levando consigo os reféns yázidis. Porém, isso mudou desde que as tropas leais a Bagdá conseguiram interromper a rota que une Mossul ao território sírio. "Fomos vítimas de uma campanha feroz, mas nosso povo está muito ligado a sua terra", afirma Hussein al-Qaidi ao justificar suas esperanças de remontar sua comunidade.

Haifa ainda tenta superar o pesadelo que viveu durante dois anos. Exausta e doente, tem vergonha de contar a sua família o que teve que enfrentar. Ela teme por sua irmã de 20 anos, que como muitas outras mulheres, ainda se encontra nas mãos do grupo Estado Islâmico. E suplica: "Peço ao mundo inteiro que ajude a libertá-las".

 

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