Com medo do terrorismo, tunisianos elegem coalizão laica
A Tunísia, o país onde nasceu a Primavera Árabe, deu mais um importante passo no processo de democratização. Os resultados oficiais da composição do Parlamento eleito no último domingo só serão divulgados na quinta-feira, mas os moderados islâmicos do Ennahda, que tinham a maioria no congresso anterior, ficaram em segundo lugar. A coalizão laica tunisiana Nidaa Tounès venceu as legislativas, causando surpresa entre os especialistas.
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O bloco laico, formado por políticos de esquerda e de centro-direita, foi encabeçado por um peso-pesado da política tunisiana: o advogado Eéji Caid Essebsi, de 87 anos. Ele sobreviveu ao regime do ex-ditador Ben Ali, foi primeiro-ministro por um breve período após a queda do regime, e voltou à arena política como uma alternativa pós-revolucionária capaz de derrotar os islamitas.
Advogado, Eéji Caïd Essebsi fez campanha para as legislativas mobilizando no eleitor o medo do terrorismo. Ele defendeu um retorno da autoridade de Estado prestigiosa para a Tunísia, com instituições renovadas. A mensagem agradou aos eleitores que se decepcionaram com a inexperiência dos islamitas.
Desgastado, o Ennahda foi afastado do poder há nove meses e não conseguiu se reorganizar para essas eleições. Especialistas ficaram impressionados com a constatação que mesmo cidades do sul da Tunísia, consideradas redutos históricos dos políticos islâmicos, cederam à tentação de experimentar a alternância.
"É um vendaval. Pela primeira vez na história do islamismo político, os candidatos islâmicos foram derrotados democraticamente nas urnas", declarou o analista político Hamadi Rédissi, membro da coalizão laica.
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