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EUA-Turquia/Estado Islâmico

Turquia promete abrir passagem para curdos combaterem jihadistas

Neste domingo (19), os Estados Unidos largaram armas, munições e material médico para os curdos entrincheirados na cidade síria de Kobani, perto da fronteira com a Turquia. É a primeira vez que a força aérea americana lança equipamentos em território sírio desde o início da ofensiva da organização terrorista. A princípio, este auxílio às forças curdas não era visto com bons olhos pela Turquia. Mas em uma virada histórica em sua atitude com relação à Síria, Ankara anunciou nesta segunda-feira que autorizará a passagem de "peshmergas" curdos por seu território para ir a Kobani.

Combatentes curdos no Iraque, em foto de agosto de 2014
Combatentes curdos no Iraque, em foto de agosto de 2014 REUTERS/Rodi Said/Files
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A decisão é surpreendente porque o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan classifica o principal partido curdo no país vizinho, o PYD, como um "grupo terrorista" ligado ao PKK turco, que luta há 30 anos pela autonomia do sudeste do país.

Além disso, os turcos avaliam que uma intervenção militar na Síria reforçaria o regime Bashar al-Assad, inimigo histórico. Esta posição revolta a comunidade curda do país e arrisca reacender as forças mais radicais do PKK depois de dois anos de negociações relativamente pacíficas. Em 1984, a guerra entre turcos e curdos causou mais de 40 mil mortes.

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (20), o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, afirmou que Ankara "nunca quis que Kobani caísse. A Turquia tomou diversas iniciativas para impedir isso". Ele não comentou diretamente o apoio americano aos curdos, mas afirmou que seu país "colabora plenamente" com a coalizão internacional: "Nós queremos nos livrar de todas as ameaças que pesam sobre a região".

Ajuda turca aos curdos

Um porta-voz americano informou que o presidente Barack Obama avisou Erdogan no sábado sobre o auxílio material às forças curdas. Mas antes disso, responsáveis americanos tiveram contatos diretos com representantes do PYD na Síria; entre eles, homens das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que combatem o grupo Estado Islâmico em Kobani.

Nesta segunda-feira (20), o chefe da diplomacia turca comparou o PYD ao Estado Islâmico – "ambos são grupos que querem controlar uma parte do território sírio" – e pediu que o grupo renuncie a esse objetivo. Idriss Nassen, político eleito em Kobani, rejeitou a acusação: "O PYD é uma das principais forças da oposição síria, o que significa que ele trabalha pelos partidos curdos (do país), mas também por toda a Síria", declarou.

Apesar disso, a Turquia de Erdogan mantém boas relações com a região curda autônoma do norte do Iraque, que tem os peshmergas como principal força contra o grupo Estado Islâmico. De acordo com a agência curda Rudaw, o próprio presidente do Curdistão iraquiano, Massud Barzani, pediu a facilitação da passagem desses combatentes. Na semana passada, o presidente francês, François Hollande, já havia afirmado que a Turquia "precisava" abrir a fronteira com a Síria para permitir reforços aos soldados curdos.

Diplomacia internacional

Nesta segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que seria uma "irresponsabilidade" não ajudar os curdos a enfrentar o EI. Em visita à capital da Indonésia, Jacarta, ele afirmou que Washington entende os desafios que a Turquia enfrenta com relação ao PKK, mas que foi preciso entregar as armas por via aérea porque Ankara se recusou a permitir sua entrega por via terrestre. No fim de semana, os EUA lançaram 11 bombardeios contra os islamitas em Kabani, matando 31 combatentes.

Também na segunda-feira, o primeiro ministro iraquiano Haidar al-Abadi viajou ao Irã para estreitar a colaboração nos setores de energia e construção civil, mas principalmente para coordenar o combate ao grupo Estado Islâmico. Atualmente, forças especiais do exército iraniano enfrentam os terroristas em diversas regiões do Iraque, mas principalmente em Samarra, que abriga um importante mausoléu xiita, e na capital Bagdá.

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