Acessar o conteúdo principal
Radar econômico

Fórum de Davos é chance para Dilma reconquistar investidores

Publicado em:

O Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, começa nesta quarta-feira e terá uma convidada inédita: a presidente Dilma Rousseff. Desde que assumiu o poder, em 2011, a brasileira se recusava a participar do encontro anual de líderes globais e dos maiores empresários do planeta. Mas com o crescimento fraco e a atratividade do país em queda, a presidente mudou de ideia e viaja à Suíça acompanhada dos principais ministros do Brasil, para tentar reconquistar a confiança dos investidores.

A presidente Dilma Rousseff vai a Davos em busca de investimentos
A presidente Dilma Rousseff vai a Davos em busca de investimentos REUTERS/Ruben Sprich
Publicidade

Para isso, Dilma não deve tentar mascarar os pontos fracos do país, mas sim mostrar que está ciente dos problemas econômicos, como a inflação alta. Esta é a avaliação de Oliver Stuenkel, especialista na política externa do Brasil da Fundação Getúlio Vargas.

“Ela precisa mostrar que está preocupada com isso, que existem problemas e o governo está determinado a lidar com os desafios. Também precisa mostrar que o governo reconhece as demandas dos investidores internacionais e que vai contribuir para reanimar o dinamismo da economia brasileira, e que existe o reconhecimento de que algumas coisas precisam mudar”, avalia o pesquisador.

No evento, apelidado de “fórum dos ricos”, a presidente terá a oportunidade de apresentar aos empresários o que pode significar uma mudança de tom em seu eventual segundo mandato, na opinião de Fernando Botelho, economista da USP especialista em Economia Internacional. “Uma razão são as privatizações de infraestrutura que ela realizou, ao licitar aeroportos, o campo de Libra, as rodovias. E a segunda foi ela permitir ao Banco Central aumentar as taxas de juros para combater a inflação”, explica.

Sob o governo Dilma, o Brasil mostrou a imagem de um governo intervencionista na economia, o que afeta o interesse das grandes companhias internacionais em investir no país. “Isso, sim, pode alavancar o rumo dos investimentos, principalmente com o mercado internacional. Eu acho que é uma tentativa dela de reconquistar os investidores, que tiveram o Brasil, durante muito tempo, como a nova menina dos olhos. E isso deixou de ser verdade.”

Na semana passada, o presidente do fórum, Klaus Schwab, observou que, neste ano, o evento vai ser marcado pela “crise de meia-idade” das potências emergentes. Os membros do grupo BRICS cresceram abaixo do esperado em 2013. Para Botelho, essa expectativa sempre foi exagerada.

“Houve um pouco de excesso de otimismo, por uma razão muito simples: muitos destes países, principalmente o Brasil e a Rússia, cresceram muito por razões que, em certa medida, não dependiam deles – basicamente o preço das commodities”, afirma. “Mas quando a gente percebe a estrutura econômica destes países, ou aquilo que realmente importa para o crescimento de longo prazo, a gente percebe que estes países continuavam iguais.”

Em um relatório preliminar, o Fórum de Davos também destaca que o aumento das desigualdades é o principal risco para a economia mundial nos próximos anos. Oliver Stuenkel observa que, por trás da preocupação com os mais pobres, também estão interesses econômicos.

“A gente viu, nos últimos anos, que uma forma de distribuição econômica pode afetar a estabilidade política em mercados importantes. Uma das razões para a onda de protestos foi o alto grau de desigualdades”, lembra. “Portanto são temas que podem afetar os interesses estratégicos de grandes empresas, que atuam nestes mercados.”

O Fórum Econômico Mundial se encerra no sábado.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.