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Reportagem

Egito enfrenta consequências de massacre que matou mais de 500 pessoas

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O Egito viveu, na quarta-feira, dia 14 de agosto, um dos piores massacres desde o levante que destituiu o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011. Mais de 500 mortos e mais de 3 mil e 500 feridos no confronto com as forças de ordem eram contabilizados até esta noite. Para especialistas, o violento incidente não só gera pânico na população, como traz graves problemas para a economia e a política do país, que vive há meses uma grave instabilidade.

Cartaz do presidente deposto Mohamed Mursi no acampamento de Rabaa Adawiya, um dos locais onde as forças de ordem promoveram um massacre contra os manifestantes islamitas, na quarta-feira, dia 14 de agosto, no Cairo.
Cartaz do presidente deposto Mohamed Mursi no acampamento de Rabaa Adawiya, um dos locais onde as forças de ordem promoveram um massacre contra os manifestantes islamitas, na quarta-feira, dia 14 de agosto, no Cairo. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
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A primeira reação ao massacre veio do próprio governo militar, com a renúncia ontem do vice-presidente interino e Nobel da Paz de 2005, Mohamed el-Baradei. A ação das forças de ordem também foi duramente condenada pela comunidade internacional, que temia há semanas uma catástrofe caso o governo cumprisse sua promessa de evacuação à força dos acampamentos dos partidários do presidente deposto Mohamed Mursi.

Para o professor Alexandre Uehara, diretor das Faculdades Rio Branco e pesquisador do Núcleo de Relações Internacionais da USP, a instabilidade política prejudica especialmente a economia egípcia, devido às sanções impostas por outros países e a queda nos lucros com o turismo. “Por isso é importante que o governo busque uma solução rápida, de forma que outros problemas que o país enfrenta na área econômica possam ser resolvidos também”, diz.

Já Flavien Bourrat, especialista em Exércitos do Oriente Médio do Instituto de Pesquisa Estratégica da Escola Militar da França, acredita que os militares egípcios e seus oponentes islamitas não estão prontos para um governo conjunto. “Se os simpatizantes da Irmandade Muçulmana decidirem se expressar de forma mais radical, aí sim haverá um grave risco de uma tensão extrema - uma situação que será muito menos controlável”, analisa.

Apesar do massacre, o partido islamita, a Irmandade Muçulmana, pediu a seus partidários que continuem nas ruas para protestar contra os militares. Já o governo interino decretou estado de emergência por um mês e a capital viveu sua primeira noite sob o toque de recolher. A médica veterinária brasileira, Amanda Oliveira, mora no Cairo e conta que a população vive momentos de tensão. Alguns egípcios começam a deixar a capital. “Até as pessoas que eram contra Mursi não entendem o que aconteceu ontem”, relata.

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