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Síria/Violência

ONU fala pela primeira vez em "conflito armado" na Síria

A crise na Síria degenerou em certas regiões em um “conflito armado não internacional”, advertiram os especialistas da ONU em um relatório publicado nesta quarta-feira, em Genebra. Esta é a primeira vez que o Conselho de Direitos Humanos da ONU define a situação na Síria como um conflito armado. Hoje uma televisão oficial do país foi alvo de um ataque.

Sírios carregam caixões contendo corpos de civis assassinados pelas forças do regime de Bashar el-Assad, nesta terça-feira, em Deraa.
Sírios carregam caixões contendo corpos de civis assassinados pelas forças do regime de Bashar el-Assad, nesta terça-feira, em Deraa. REUTERS/Shaam News Network/Handout
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As forças sírias cometeram nos últimos três meses violações dos direitos humanos no país, incluindo execuções, de uma “dimensão alarmante”. É o que indica o relatório de uma missão liderada pelo brasileiro Paulo Sergio Pinheiro divulgado nesta quarta-feira em Genebra diante do Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

O documento diz que é impossível identificar os responsáveis pelo massacre de Hula, cometido no mês de maio e que deixou mais de 100 mortos. Mas “as forças leais ao governo podem ser responsáveis por várias mortes”, afirma o relatório.

O documento também reúne informações sobre as mortes atribuídas aos grupos de oposição que usam cada vez mais explosivos nos combates com as forças do regime.“A situação no local se deteriora perigosamente e rapidamente e a crise se degenerou, em certas regiões, em um conflito armado não internacional”, segundo o relatório de 20 páginas apresentado por Paulo Sérgio Pinheiro ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Os observadores da ONU também demonstraram profunda preocupação com a utilização, por parte dos rebeldes, de crianças para transportar medicamentos, alimentos e mensagens, deixando-as expostas a riscos de morte e ferimentos.

A missão de observadores entrevistou 400 pessoas e reuniu fotos, vídeos, imagens de satélite entre outros documentos. Diante do fluxo de novas armas para o regime e também para os opositores, a situação tende a se agravar nos próximos meses, alertaram os observadores.

A delegação síria abandonou a reunião do Conselho dos Direitos Humanos em protesto contra a apresentação do relatório.

Televisão é alvo de ataque

Hoje pela primeira vez uma televisão oficial, a Al Ikhbarivé, foi alvo de um ataque. Três jornalistas e quatro guardas morreram e outras pessoas foram seqüestradas pelos terroristas que também roubaram material, segundo a agência oficial Sana. O ministro da Informação denunciou uma “agressão odiosa contra a liberdade de imprensa”. Segundo ele grupos terroristas armados foram responsáveis pelos ataques.

Já o observatório sírio dos direitos humanos falou de um ataque com mísseis contra a televisão que continua a difundir seus programas e de prisão dos jornalistas.

O regime de Bashar al-Assad restringe as movimentações de jornalistas estrangeiros no país desde o começo da revolta em março de 2011 que se militarizou diante da repressão.

Assad quer "ganhar a guerra"

Na terça-feira Bashar al-Assad falou pela primeira vez que o país se encontra em “uma verdadeira situação de guerra” e se disse determinado a ganhar do que ele chama de “grupos terroristas”.

Os combates continuam no país. Pelo menos 16 pessoas morreram nas violências, segundo a Organização Síria dos Direitos Humanos. Mais de 15.800 pessoas, na maioria civis, morreram em 15 meses.

 

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