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França rejeita projeto de extração de ouro na Guiana por ser incompatível com proteção ambiental

O projeto conhecido como Montanha de Ouro foi rejeitado durante uma reunião do "Conselho de Defesa Ecológica" do governo nesta quinta-feira (23) na França. A decisão confirma a postura do presidente Emmanuel Macron, mas é recebida com prudência pelas associações ecologistas.

Projeto Montanha de Ouro.
Projeto Montanha de Ouro. facebook.com/MOGuyane
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Polêmico, por dividir os defensores do meio ambiente e os que pregam o desenvolvimento econômico do território francês que faz fronteira com o Brasil, o projeto foi abandonado por ser "incompatível com as exigências de proteção ao meio ambiente", de acordo com o primeiro-ministro Édouard Philippe e o ministro da Transição Ecológica e Solidária, François de Rugy.

Em entrevista para a imprensa após a reunião, o ministro declarou que o projeto não iria ser realizado. "Não é apoiado pelo governo", afirmou.  A decisão adotada no Conselho confirma a posição já manifestada no início do mês pelo presidente Macron, que declarou ser contrário à iniciativa após a publicação de um relatório da ONU sobre biodiversidade. Inicialmente prevista para depois de junho, a decisão do governo foi anunciada três dias antes dos eleitores franceses irem às urnas para votar nas eleições europeias.

A companhia Montanha de Ouro diz estar ciente da decisão, mas não pretende abandonar a batalha. A empresa afirmou sua disposição de manter um "diálogo aberto e construtivo com os diferentes setores envolvidos para tornar o projeto na Guiana compatível com as exigências da proteção ambiental".

A Montanha de Ouro, do consórcio russo-canadense Nordgold-Columbus Gold, é o maior projeto de extração de ouro a céu aberto já proposto na França. Em uma superfície de 8 km 2, ao sul de Saint-Laurent-du-Maroni,  em plena floresta equatorial, está prevista a retirada de 6,7 toneladas de ouro em um período de 12 anos, por meio de um processamento com cianeto em circuito fechado.

A construção seria feita até 2021 e a extração prevista inicialmente de 2022 a 2034.

Preocupação contínua

Apesar do anúncio do governo francês de frear o projeto, as associações de defesa do meio ambiente e os opositores da Montanha de Ouro mostraram ceticismo. Por meio de um tuíte, a Ong WWW France lamentou: "esses anúncios repetidos parecem indicar que o projeto não vai acontecer, mas a WWW France lamenta que, diante de tanta unanimidade e de bom senso, o governo ainda não ainda tenha formalmente e definitivamente confirmado seu abandono".

Outra Ong, "Or de Question", que reúne associações ambientais contrárias ao projeto, não se deixa convencer e diz que o anúncio governamental é uma "enrolação que continua". O coletivo pede que todos os projetos de extração de minérios atualmente em curso sejam abandonados e vê na  possibilidade de a empresa modificar seu projeto uma tentativa de aprová-lo em outra circunstância.

Até o momento a Companhia Montanha de Ouro tem a concessão, mas ainda não tem fez o pedido de autorização para explorar o local. O projeto foi o tema de um debate público na Guiana Francesa entre abril e julho de 2018.  O evento mostrou uma grande divisão da população e de diversos atores econômicos.

A Câmara do Comércio e da Indústria local, os líderes empresariais e o responsável do coletivo territorial da Guiana sustentam que a Montanha de Ouro vai gerar 750 empregos diretos, sendo 90% deles localmente, e outros três mil indiretos.

Seus opositores afirmam que a iniciativa vai provocar desmatamento florestal, que está situada perto de duas reservas ecológicas, e se mostram preocupados com milhões de toneladas de rejeitos que serão despejados e com os resíduos do processamento da extração de ouro com cianeto.

A Companhia Montanha de Ouro garante que seu projeto "minimiza os impactos" por estar previsto em uma área já parcialmente explorada e com o uso de técnicas que promovem a extração do metal com menos resíduos.

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