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Em meio à crise política, Eliseu demite colaborador de Macron que agrediu manifestante

O Palácio do Eliseu decidiu demitir nesta sexta-feira (20) o colaborador do presidente francês Emmanuel Macron, Alexandre Benalla, envolvido num caso de violência contra um manifestante durante um protesto no dia 1 de maio. Benalla também permanecerá em detenção provisória, acusado de diversos delitos, incluindo ter sido destinatário de um “documento” da delegacia de polícia sem ter autorização.

Vestido de policial, o agente de segurança Alexandre Benalla (à esquerda) aparece em um vídeo espancando um manifestante caído.
Vestido de policial, o agente de segurança Alexandre Benalla (à esquerda) aparece em um vídeo espancando um manifestante caído. REUTERS/Regis Duvignau
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Alexandre Benalla, vestido de policial sem exercer de fato essa função, espancou um jovem após tê-lo arrastado pelo pescoço – a divulgação do vídeo dessa ação gerou uma enorme polêmica na França. Nesta sexta-feira (20), o Eliseu decidiu abandonar a decisão de apenas afastá-lo de seu cargo e demiti-lo.

“A presidência da República tomou consciência de novos fatos, que constituem um crime grave e que devem ser seguidos de uma medida judicial”, comunicou o Eliseu. Benalla se encontra atualmente em detenção provisória, acusado de “violência por indivíduo encarregado de missão do serviço público, usurpação de funções, porte ilegal de insígnias reservadas à autoridade pública e apropriação de imagens oriundas de sistema de câmeras de vigilância.”

A última acusação está ligada a uma nova descoberta no caso: três policiais, que foram suspensos provisoriamente, teriam extraído imagens das câmeras de vigilância da cidade de Paris para transmiti-las a Benalla.

Mentira, omissão e silêncio

Vários deputados da oposição acusam o ministro do Interior, Gérard Collomb, de mentir sobre o caso Benalla, afirmando que ele estava ciente das violências cometidas pelo colaborador de Macron. “Exigimos explicações de Collomb, antes mesmo que ele se pronuncie mais uma vez no Senado”, disse Patrick Hetzel, do partido Os Republicanos, de direita, acrescentando que “isso é um escândalo de Estado”.

Luc Carnouvas, do Partido Socialista (PS), afirma que “houve uma mentira por omissão” do ministro do Interior, já que a polícia já estava envolvida no caso, mas Collomb afirmou na quinta-feira (19) que se tratava de algo novo. Collomb, por sua vez, disse condenar a atitude dos policiais que transmitiram as imagens da polícia de Paris a Benalla.

No meio da confusão, Emmanuel Macron permanece em silêncio profundo, se recusando, após diversas tentativas dos jornalistas, a tecer comentários sobre o assunto. A única declaração que o chefe de Estado deu até agora foi: “A República é imutável”.

A polêmica não cessa de aumentar desde a quarta-feira (18), quando o Monde revelou as imagens da agressão. “É a maior crise que Macron enfrenta desde o começo de seu mandato”, afirmou o Parisien, que, como a maioria dos jornais franceses, denuncia a ausência de reação do presidente a respeito de um de seus colaboradores mais próximos.

O presidente francês Emmanuel Macron, e Alexandre Benalla na residência segundaria do presidente no  Le Touquet, França, 17/06/17
O presidente francês Emmanuel Macron, e Alexandre Benalla na residência segundaria do presidente no Le Touquet, França, 17/06/17 REUTERS/Philippe Wojazer

Benalla: impulsivo e vaidoso

Alexandre Benalla, de 26 anos, começou como segurança de celebridades aos 20, antes de se inserir no meio político, sob o mesmo cargo, no Partido Socialista, onde foi guarda-costas de François Hollande em 2012. Com a vitória do socialista, Benalla entra, finalmente, no Eliseu. Ele foi motorista particular do ex-ministro da Economia Arnaud Montebourg – que o demitiu após um acidente na estrada do qual Benalla tentou fugir sem verificar se havia feridos.

Após o ocorrido, Benalla permaneceu, entretanto, ligado ao Partido Socialista e ao meio político, até se tornar, finalmente, responsável de segurança durante a campanha presidencial de Macron. “Ele é um bom menino, ainda que seja impulsivo às vezes. Ele queria estar sempre onde tudo acontece, perto das celebridades, e detestava quando, por exemplo, recebia a ordem de vigiar uma entrada”, disse, ao jornal Le Parisien, o ex-responsável do serviço de segurança do Partido Socialista.

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