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Um pulo em Paris

Drone faz entrega misteriosa em prisão francesa

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Os prisioneiros franceses têm utilizado um novo aliado "high tech": os drones. No feriado da útima terça-feira (15), um drone conseguiu pousar no pátio da penitenciária de Valence, cidade ao sul de Lyon, na região sudeste do país. O equipamento fez uma entrega misteriosa.

Em protesto raro, 350 agentes penitenciários franceses bloqueiam presídio de Fleury-Mérogis, ao sul de Paris, para denunciar superlotação carcerária.
Em protesto raro, 350 agentes penitenciários franceses bloqueiam presídio de Fleury-Mérogis, ao sul de Paris, para denunciar superlotação carcerária. GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP
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O episódio aconteceu no meio da tarde, no momento em que os prisioneiros tomavam o banho de sol. Um agente penitenciário contou que o drone era equipado com câmera e transportava um pacote claramente identificado, quer dizer, tinha o nome do destinatário.

A ação foi tão rápida que o pacote passou de mão em mão entre os prisioneiros. Mesmo tendo sido revistados, um por um, antes de voltar para suas celas, a "mercadoria" não foi encontrada. O mais surpreendente é que a penitenciária de Valence é ultramoderna e seu pátio é coberto com uma espécie de tela, colocada para evitar a fuga de prisioneiros por helicóptero.

O sindicato local de agentes ficou bastante preocupado e disse que deve ter sido uma entrega de drogas. Mas uma vez que o pacote não foi encontrado, como ter certeza? O maior temor é em relação à infiltração de armas e explosivos. Os drones também podem filmar as instalações, o que pode ajudar nos planos de fuga dos presos.

Não é a primeira vez

Em março passado, um drone espatifado foi achado na Casa de Detenção de Villefranche-sur-Saône, no centro da França. Ninguém sabe o que ele introduziu na prisão. Em janeiro, dois celulares foram entregues por drone em uma penitenciária do norte do país.

Em junho de 2015, um outro drone, de mais de um metro de envergadura, sobrevoou a penitenciária de Bourg-en-Bresse, ao norte de Lyon (sudeste). Esses foram os casos divulgados, sem falar nos que não foram por falta de interesse dos agentes em tornar públicas eventuais falhas no sistema de monitoramento dos presos.

A apreensão de celulares nas prisões francesas é corriqueira. Detentos talentosos postam nas redes sociais, de dentro da cadeia, clipes e vídeos que realizam com o aparelho fetiche. Alguns especialistas até defendem a legalização do telefone, já que não dá para controlar o fenômeno. É também muito comum lançar objetos para os internos por cima dos muros, mesmo com os sistemas de vídeo ativos.

Fugas espetaculares

Os franceses adoram histórias policiais. Existem dezenas de séries, programas de televisão, rádio e revistas especializadas em crimes. De tempos em tempos, fugas cinematográficas são lembradas nesses programas. As que mais chamam atenção são as de helicóptero. A última delas já tem dez anos.

Em 2010, o prisioneiro Pascal Payet foi resgatado por um comparsa que sequestrou um helicóptero no sul da França. O irônico da história é que aconteceu no dia 14 de Julho, dia da festa nacional francesa em que milhares de militares desfilam nas ruas. Desde o início dos anos 80, quando houve a primeira fuga de helicóptero, aconteceram 14 casos.

Superlotação carcerária e insalubridade

Todo ano a França bate um novo recorde de prisioneiros. No último levantamento oficial, divulgado em abril deste ano, havia 70.200 presos para 58.600 vagas nos presídios. Pela legislação, mas é só no papel, todo preso tem direito a uma cela individual. Mas isso nunca foi realidade.

Atualmente, existe uma crise porque há muitos anos o investimento do Estado é insuficiente para a construção de novos presídios e o número de condenações aumentou. Celas que antigamente abrigavam apenas um ou dois detentos hoje são compartilhadas por quatro ou cinco presos.

Outro problema é a questão da insalubridade. A penitenciária de Fresnes, na região parisiense, com quase o dobro de presos que sua capacidade, é infestada de ratos e baratas que as autoridades não conseguem eliminar. No ano passado, a própria justiça francesa condenou 31 penitenciárias por insalubridade. O caso agora vai para a Corte Europeia dos Direitos Humanos.

Novas vagas

O presidente Emmanuel Macron prometeu construir 15 mil novas vagas até 2025. Mas a estratégia do encarceramento é contestada por especialistas que preferiam ver o Estado investir em penas alternativas, mais do que nos blocos de cimento.

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