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Iraque/Grupo EI

Família francesa que apoiava grupo EI é presa em Mossul

A situação é um verdadeiro quebra-cabeça para os serviços consulares franceses. O exército iraquiano prendeu uma francesa e seus quatro filhos no momento da batalha final pela retomada da Cidade Velha de Mossul, na semana passada. O pai da família, também de nacionalidade francesa, desapareceu, revela o jornal Le Monde desta terça-feira (18).

Mais de um milhão de pessoas fugiram da cidade iraquiana de Mossul desde o início dos combates em outubro. Iraque 07/07/17
Mais de um milhão de pessoas fugiram da cidade iraquiana de Mossul desde o início dos combates em outubro. Iraque 07/07/17 REUTERS/Ahmed Saad
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A família francesa foi presa no sábado, 8 de julho. Eles estavam escondidos no subsolo de uma casa na Cidade Velha da segunda maior cidade iraquiana. Os soldados disseram que a mulher e as quatro crianças, com idades entre 5 meses e 8 anos, ficaram aterrorizados quando os viram. Eles estavam famintos e muito magros. A mãe pesava no máximo 40kg.

"A mulher pesou que iríamos matá-los e, para tentar se proteger, começou a insultar o grupo Estados Islâmico”, contou o tenente-coronel Ali, que participou da operação. Depois que os soldados se certificaram que ela não usava um cinturão de explosivos, eles perceberam que tinham feito uma captura importante.

Falando árabe com dificuldade, a mulher, identificada apenas pela inicial M., disse que tinha vindo da França com o marido e os filhos e pediu para ser entregue à embaixada francesa. Durante seu interrogatório, gravado em vídeo, ela garantiu que o marido não era um combatente do EI. Ele tinha saído do esconderijo poucas horas antes para buscar água e nunca mais voltou.

Prisões de jihadistas estrangeiros são raras

Desde o início da batalha pela retomada de Mossul das mãos do EI, em outubro de 2016, poucos jihadistas estrangeiros ou suas famílias foram capturados com vida. Por isso, a prisão desses franceses é considerada excepcional.

“Quando os soldados me contaram que tinham capturado uma mulher francesa, eu pedi para que tomassem cuidado para que ela continuasse viva para poder entregá-la aos franceses e mostrar (…) o que acontece com as pessoas que escolhem esse caminho (do Estado Islâmico)”, declarou o general Falah Al-Obeidi, das forças antiterroristas iraquianas.

A francesa tinha dois telefones celulares, com vários contatos, fotos e uma carta dos combates na cidade, que tinha sido atualizada no dia 8 de julho. Mesmo assim, insistiu que ela e o marido viviam há algum tempo entre os civis de Mossul, sem contato com os outros combatentes estrangeiros do movimento jihadista.

As forças francesas e americanas baseadas em Mossul não foram autorizadas a encontrar a família. Na noite de segunda-feira (11), a francesa e seus 4 filhos foram transferidos para a base das forças antiterroristas em Bagdá.

Condenado na França

Le Monde, que tinha contato com o casal, lembra que o marido, identificado apenas pela inicial A., foi condenado na França por sua ligação com um grupo terrorista. Em 2015, a família foi para a Síria para “viver a experiência do califado”. Assim que chegaram em Raka, foram transferidos para Mossul. A mulher afirma que eles se desiludiram rapidamente, que o marido se negou a combater e, por isso, foi até punido pelo EI com alguns dias de prisão. Eles tentam fugir de Mossul, sem sucesso.

As famílias de A. e M. na França pedem a intervenção das autoridades francesas e até escreveram ao presidente Emmanuel Macron. Mas elas dizem que os pedidos de ajuda não deram resultado e que o país não tem o menor interesse que os combatentes voltem. A célula de crise do ministério das Relações Exteriores francês chegou a aconselhar colocar um colar de plástico nas crianças com o nome delas para facilitar a identificação, em caso de morte.

Segundo o Le Monde, os serviços de inteligência franceses duvidam da versão de M. e consideram A. como um “homem perigoso”. De qualquer forma, o ministério francês das Relações Exteriores indicou que irá garantir proteção consular à família. A prioridade é conseguir repatriar as crianças, mas o processo pode ser complicado, pois a lei iraquiana não permite que os filhos sejam separados da mãe sem a autorização dela.

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