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Cannes

Relembre os filmes polêmicos que marcaram os 70 anos do Festival de Cinema de Cannes

Em mais de 70 anos de história, o Festival de Cinema de Cannes revelou para o mundo alguns dos maiores talentos da Sétima Arte. Mas o evento também ficou conhecido por suas polêmicas, dentro e fora das salas de projeção.

“A Doce Vida”, de Federico Fellini, foi condenado pelo Vaticano, mas conquistou a Palma de Ouro em Cannnes
“A Doce Vida”, de Federico Fellini, foi condenado pelo Vaticano, mas conquistou a Palma de Ouro em Cannnes DR/Festival de Cannes
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Desde sua primeira edição, em 1946, o Festival de Cannes foi marcado por muita confusão. Já na inauguração – adiada durante sete anos por causa da Segunda Guerra Mundial – o filme “Interlúdio”, de Alfred Hitchcock, teve suas bobinas misturadas e foi projetado com cenas na ordem errada. Essa primeira edição também foi perturbada por uma greve dos comerciantes de Cannes, que temiam que o evento, com suas projeções gratuitas, pudesse prejudicar os negócios da cidade, pois atrairia gente demais para a sofisticada estância balneária.

O tempo foi passando e não apenas os comerciantes entenderam que o festival seria o momento mais importante do ano em Cannes, como os filmes nunca mais foram misturados na hora da projeção. Mas isso não impediu o evento de ter suas tensões, geralmente geradas pela seleção dos filmes em competição, que nem sempre agrada a todos.

Como em 1973, quando “A mãe e a puta”, de Jean Eustache, dividiu a crítica e os presentes no Festival. Os diálogos do triângulo amoroso formado por Jean-Pierre Léaud, Françoise Lebrun e Bernadette Lafont foram vistos por alguns como escandalosos, mas foram interpretados por outros como uma obra-prima. Ou ainda "Irreversível", de Gaspar Noé, que se tornou um filme cult, apesar de uma cena de estupro que causou furor em Cannes em 2002.

Escândalo pode ajudar na carreira de um filme

Mas isso não quer dizer que a polêmica seja um obstáculo para a carreira de sucesso de uma produção. Basta lembrar dos protestos após a sessão de apresentação em Cannes, em 1960, de “A Doce Vida”, de Federico Fellini. Ao mostrar uma imagem da Itália vista como negativa, a produção foi condenada pelo Vaticano, que a considerou decadente. Mesmo assim, a trama, que virou um clássico para qualquer cinéfilo que se preze, conquistou a Palma de Ouro. No mesmo ano, “A Aventura”, de Michelangelo Antonioni, foi alvo de críticas e alguns diziam não entender o filme, chamado por muitos de entediante, mas que terminou como o Prêmio do júri.

Já em 2011, Lars Von Trier, que participava com “Melancolia”, provocou polêmica com comentários ambíguos sobre o nazismo. Na coletiva de imprensa, o diretor expressou sua “simpatia” por Hitler e declarou que Israel era “um pé no saco”. Apesar de seu pedido de desculpas, a direção do festival declarou o diretor dinamarquês persona non grata, uma sanção inédita.

Porém, “Melancolia” seguiu em competição e a atriz americana Kirsten Dunst recebeu o prêmio de melhor interpretação feminina por seu papel no filme. Mas o diretor dinamarquês, premiado em 2000 com a Palma de Ouro por "Dançando no escuro", não foi convidado ao Festival desde então.

Mas essa regra dos “rebeldes sem causa” nem sempre funciona. Como mostrou o estardalhaço de “The Brown Bunny”, de Vincent Gallo, que chegou a ser qualificado pelos críticos de “o pior filme da história de Cannes”, após sua projeção em 2003. Boa parte da polêmica veio da cena de sexo oral praticado por Chloë Sevigny, considerada vulgar para alguns e simplesmente vaiada por outros. Mesmo após uma nova edição, com 25 minutos a menos, a produção, que custou dezenas de milhões de dólares, foi boicotada por muitos cinemas e faturou apenas US$ 400 mil quando estreou para o grande público

Exposição homenageia filmes “malditos”

Alguns desses momentos, aliás, são tema de uma exposição em cartaz em Paris até 28 de maio, na Cinemateca da capital. Intitulada “Festival de Cannes, escândalos e controvérsias”, a mostra aproveita essa 70ª edição do evento para projetar 26 filmes que marcaram a história da Croisette, como é chamada a avenida beira-mar onde se situa o Palácio do Festival.

Mas o diretor da programação do Cinemateca relativiza: “Claro que alguns filmes podem chocar a moral dos espectadores, por várias razões, sejam elas políticas, estéticas e de representação. Mas o escândalo está sempre nos olhos daquele que o assiste”.

Veja a seleção oficial de filmes que concorrem à Palma de Ouro no 70° Festival de Cinema de Cannes.

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