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Macron e Le Pen disputam votos de grevistas ameaçados pela deslocalização

A campanha do segundo turno endureceu nesta quarta-feira (26) com um verdadeiro duelo entre a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, e o centrista Emmanuel Macron. No espaço de algumas horas, ambos foram fazer campanha junto aos grevistas de uma fábrica em Amiens, no norte do país, ameaçada pela deslocalização.  

Candidato centrista Emmanuel Macron diante da fábrica da Whirlpool em Amiens, em 26 de abril de 2017
Candidato centrista Emmanuel Macron diante da fábrica da Whirlpool em Amiens, em 26 de abril de 2017 REUTERS/Pascal Rossignol
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Se os funcionários da fábrica de eletrodomésticos Whirlpool de Amiens, no norte da França, precisavam divulgar a crise por que passam, esta quarta-feira (26) foi a grande oportunidade para denunciar a ameaça da fábrica em que trabalham se transferir para a Polônia. Na campanha eleitoral para o segundo turno, os dois candidatos foram ao encontro dos trabalhadores em greve. Marine Le Pen foi a primeira a fazer uma visita-surpresa, seguida por Emmanuel Macron, poucas horas depois.

Amiens é a cidade natal de Emmanuel Macron, que planejou encontrar alguns membros do sindicato no centro da cidade e depois dar uma coletiva de imprensa. Mas nessa corrida final para a presidência, a líder da extrema-direita passou uma rasteira no rival, indo encontrar diretamente os piqueteiros diante da fábrica, entre pneus queimados e cartazes. Depois que Marine fez selfies e promessas aos grevistas, Macron reagiu e decidiu ir também ao local, onde foi recebido com vaias e gritos de protestos. "Desde 2015 estamos pedindo para encontrá-lo e ele nunca respondeu. Agora é que vem aqui", reclamou um operário.

Marine Le Pen faz selfies com trabalhadores da fábrica Whirlpool em Amiens, em 26 de abril de 2017
Marine Le Pen faz selfies com trabalhadores da fábrica Whirlpool em Amiens, em 26 de abril de 2017 BFMTV via Reuters

"Estou aqui com os trabalhadores", afirmou Le Pen, que se aproximou da multidão e posou para selfies, declarando que sua presença era uma mensagem para os funcionarios e para Macron. Depois de apresentar-se como defensora dos "operários e dos trabalhadores", da política antieuro e anti-imigração, ela lembrou mais uma vez que é a candidata "dos franceses que não querem perder seus empregos". As regiões norte e nordeste da França votaram em peso na candidata da Frente Nacional.

Já Macron teve um encontro mais tenso e ruidoso com os grevistas. Antigo alto executivo do setor bancário , ele denunciou "o uso político" do conflito social na fábrica por parte de Marine Le Pen, argumentando que o projeto da candidata "destruiria o poder aquisitivo", enquanto que ela defende o protecionismo para manter as empresas no país.

Entenda o conflito social da Whirlpool

A fábrica Whirlpool na França tem 286 assalariados e 250 empregados temporários que trabalham de forma quase permanente, além de uma centena de terceirizados. O emprego de todos está ameaçado.

No final de janeiro deste ano, o grupo, sediado nos Estados Unidos, anunciou a intenção de deslocalizar a produção para a Polônia e fechar a fábrica de secadoras de roupas em junho de 2018. O objetivo é claro: economizar na mão de obra e manter a competitividade.

A fábrica já teve três planos sociais, em 2002, 2005 e 2008. Para se ter uma ideia, no ano de 2002 cerca de 1.300 pessoas trabalhavam no local. Desde o anúncio do fechamento no ano que vem, os trabalhadores têm manifestado, pedido aos clientes para boicotarem a marca que, em 2016, teve um faturamento de US$900 milhões.

O governo aposta em uma eventual venda da empresa e haveria interesse por parte de cerca de 15 investidores franceses, mas nada foi concretizado até hoje e o clima de insegurança continua. Se a Whirlpool partir, vai ser um golpe duro para a região, bastante afetada pelo fechamento das fábricas de pneus Goodyear e Continental, e pelo desemprego.

Whirlpool no Brasil

O grupo de eletrodomésticos Whirlpool tem presença na América Latina e atua no Brasil com as marcas Brastemp, Consul e KitchenAid. Em 2016, em posse de 95% da companhia, o grupo fez uma oferta pública para adquirir a totalidade das ações em circulação de sua subsidiária brasileira e fechar o capital da empresa.

 

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