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Imprensa

Candidato da direita sugere redução da maioridade penal para 16 anos na França

As manifestações e violências nas periferias de Paris desde o caso da agressão e estupro do jovem Théo, de 22 anos, por um grupo de policiais no início do mês, não dão trégua, destaca a imprensa francesa nesta quinta-feira (16). Para acabar com a revolta contra a polícia, que mobiliza especialmente adolescentes, o candidado da direita à presidência, François Fillon, propôs reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos.

Maioria dos jovens que participa das manifestações contra os policiais franceses é menor de idade.
Maioria dos jovens que participa das manifestações contra os policiais franceses é menor de idade. REUTERS/Christian Hartmann
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Sem propostas claras do governo francês para resolver a revolta nas periferias, a questão começa a entrar no discurso dos candidatos à presidência, ressalta o jornal Les Echos. Em comício ontem na cidade de Compiègne, no sul de Paris, o republicano François Fillon propôs, se for eleito, reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos e reforçar o armamento da polícia. "A violência não vem dos policiais, mas dos vândalos", declarou no palanque.

Até então contrário à diminuição da maioridade penal, Fillon atribuiu as violências ao "laxismo em algumas cabeças". Segundo ele, "quando agredimos policiais aos 16 ou 17 anos, devemos ser presos". No entanto, alfineta Les Echos, Fillon não fez nenhum comentário sobre as investigações da qual é alvo por ter contratado sua esposa como assessora parlamentar durante vários anos, emprego fantasma pelo qual Penelope Fillon teria recebido mais de 900 mil euros sem trabalhar.

Polícia deteve menino de 11 anos em protesto

O jornal Le Figaro teve acesso aos relatórios policiais sobre as degradações durante algumas manifestações que contestam os abusos policiais contra jovens de periferia. Desde o início do mês, quando Théo foi agredido e violentado sexualmente com um cassetete por um grupo de policiais, quase que diariamente dezenas de carros são queimados, jovens são presos e destruições são registradas.

Segundo o diário, o perfil dos jovens que participam dos protestos é assustador. Dos 160 garotos presos, 98 têm antecedentes criminais e 95 têm menos de 18 anos. Um dos perfis mais preocupantes, segundo o diário, é o de um adolescente de apenas 15 anos que já tem 22 passagens pela polícia. Os policiais também se surpreenderam ao abordar, durante uma manifestação na noite de 8 de fevereiro, um menino de 11 anos.

Enquanto o governo tenta subestimar a gravidade da mobilização das periferias parisienses, alegando que a situação se acalmou nos últimos dias, a revolta continua, ressalta Le Figaro. Na última noite, no norte da capital francesa, centenas de manifestantes entraram em confronto com a polícia. Ao movimento dos garotos da periferia, se juntam agora militantes antifascismo e anarquistas, que reclamam, além das agressões, do racismo da polícia nas periferias, que, em suas operações, têm como alvo principalmente jovens muçulmanos e negros, como Théo.

O jornal Aujourd'hui en France destaca que outros protestos, realizados nas cidades de Toulouse, Rennes, Lille e Rouen, reuniram centenas de pessoas e também foram marcados por confrontos entre manifestantes e policiais.

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