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Imprensa

Decisão de Hollande de não se candidatar foi ato nobre, diz jornal Libération

As edições desta sexta-feira (2) dos principais jornais franceses trazem na capa a decisão histórica do presidente da França, François Hollande, de não se candidatar à reeleição. É a primeira vez que isso acontece na história recente do país.

François Hollande durante anúncio de desistência da candidatura à presidência
François Hollande durante anúncio de desistência da candidatura à presidência Television via REUTERS
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O jornal Libération faz uma análise do anúncio de ontem à noite. Durante um discurso na primeira pessoa, Hollande listou em cerca de 10 minutos os grandes avanços econômicos e sociais do seu mandato. Ele disse que seu único arrependimento foi ter apresentado a proposta de inscrever na Constituição a retirada da nacionalidade francesa de terroristas.

Segundo o jornal, ao não se submeter novamente a uma votação popular, Hollande decidiu evitar mais uma dor de cabeça, já que ele é o presidente menos popular de todos os tempos.

Diante do perigo da extrema-direita e da direita conservadora de François Fillon, "o chefe de Estado reinvindica um outro senso de responsabilidade". "Não aquele de concorrer à presidência a qualquer custo, mas de deixar espaço para outro candidato, talvez capaz de levar a esquerda ao segundo turno das eleições do ano que vem", escreve a publicação.

O Libération diz que a situação econômica do país já não parecia um obstáculo à candidatura de Hollande, pois o desemprego começava a cair. E que as outras opções da esquerda, como o primeiro-ministro Manuel Valls, não se impõem na corrida presidencial.

Para o jornal, a decisão de Hollande surpreendeu, mas tem uma parte de nobreza. Ele continuará uma figura importante no plano institucional, mas um personagem secundário devido às previsões sombrias do futuro da esquerda francesa.

"Ausente de si mesmo"

O jornal conservador Le Figaro, em seu editorial, critica o discurso do presidente francês. Para a publicação, Hollande fez uma embaraçosa tentativa de autojustificação, pronunciada com uma voz monótona por um homem "ausente de si mesmo".

O texto diz que foi o triste epílogo de um mandato nulo e que Hollande foi empurrado à desistência de se candidatar por seu próprio premiê. O Le Figaro afirma que, mais uma vez, Hollande não decide nada, ele se inclina.

Já o jornal Aujourd'hui en France traz os bastidores da renúncia à candidatura. Os confidentes se contavam nos dedos da mão e incluíam a ex-mulher Ségolène Royal e seus quatro filhos. Os outros foram avisados no último momento. Foi apenas ontem, mesmo dia do anúncio, que François Hollande telefonou para informar o seu círculo mais fiel.

Pela manhã ele anunciou a alguns conselheiros do Palácio do Eliseu que gostaria de fazer uma declaração à noite, sem especificar o conteúdo. Um deles revelou ao jornal que "entendeu imediatamente" do que se tratava.

Quase às lágrimas

O ministro Jean-Michel Baylet, que estava no Eliseu para uma entrega de condecorações, contou que não pressentiu nada. Ele disse que o presidente estava como sempre de bom humor.

As pessoas do entorno do presidente consideram a decisão "incrivelmente corajosa", "moderna" e "responsável", mas se dizem tristes com o anúncio, segundo conta o jornal.

Um membro do Partido Socialista revelou que Hollande estava quase às lágrimas, mas que soube disfarçar bem. E finaliza dizendo que foi um choque afetivo, pois todos estavam contra ele, inclusive seu primeiro-ministro, Manuel Valls, que deve anunciar sua candidatura às primárias da esquerda nos próximos dias.

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