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França

Protestos contra reforma trabalhista reúnem 500 mil pessoas na França

As manifestações contra a reforma trabalhista mobilizaram, nesta quarta-feira (9), cerca de 500 mil pessoas em toda a França, segundo sindicatos (224 mil, segundo a polícia). Em Paris, apesar da chuva, os protestos reuniram 100 mil pessoas (27 mil, segundo a polícia).

Estudantes e trabalhadores marcharam lado a lado em Paris nesta quarta-feira (9) contra a proposta de reforma trabalhista do governo francês.
Estudantes e trabalhadores marcharam lado a lado em Paris nesta quarta-feira (9) contra a proposta de reforma trabalhista do governo francês. THOMAS SAMSON / AFP
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Colaboração de Tatiana Marotta, especial para RFI

Estudantes abriram o movimento com uma primeira marcha às 11h em Paris (7h em Brasília). Uma segunda passeata foi feita às 12h30, liderada pelos sindicatos. No início da tarde, os dois grupos se reuniram na Praça da República, lugar simbólico da capital francesa.

Uma mobilização de todas as gerações

A estudante Camille Damien, de 18 anos, acordou cedo e para participar da manifestação teve que perder aula: “Temos muito medo do futuro”, disse.

A jovem Charlène Aubertin, da mesma idade, também diz ter medo do que irá acontecer caso o projeto de lei seja aprovado. “Quero defender o nosso futuro, o mercado do trabalho de amanhã e nossas condições de emprego”, afirma.

De acordo com a estudante, o texto precisaria ser revisto porque prejudica direitos e avanços que foram conquistados "a custo de sangue e suor dos nossos avós”.

Retrocesso dos direitos conquistados

Esperando a marcha começar, o aposentado e militante sindicalista (CGT) Michel Lopes, relembrou quando participou das manifestações em Maio de 68 na França. “O que vivemos hoje é um atraso porque a proposta de lei não melhora nada, apenas retira os direitos e avanços sociais que nós conseguimos lutando desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, disse. “Hoje, estou ao lado dos jovens e dou meu apoio ao movimento”, reiterou.

O militante do partido Polo de Renascimento Comunista da França (PRCF), Fadi Kassem, distribuía panfletos antes da passeata. Segundo ele, o projeto de lei representa um “novo ataque contra o mundo do trabalho, um projeto de sociedade que [o governo] quer impor”. Kassem acredita que a revolta da população em relação à reforma proposta deve se estender por algum tempo: “esta não será a primeira marcha, nem a última”.

As manifestações em toda a França foram realizadas depois que uma petição online recolheu mais de 1,2 milhão de assinaturas contra a proposta de reforma das leis trabalhistas.

A grande mobilização satisfez a jovem Maria, de 23 anos. “Penso que temos realmente a capacidade de mudar as coisas”, afirma a estudante, fantasiada de coala. “Não é fácil protestar debaixo de chuva. Achei que seria divertido e espero que, fantasiada, eu faça as pessoas sorrirem".

O projeto de lei adiado

A reforma trabalhista, que devia ser apresentada ao Conselho de Ministros nesta quarta-feira (9), foi adiada por duas semanas. Ela voltará a ser discutida no próximo dia 24, tempo que o governo promete usar para negociar apoio.

O texto torna possível uma maior flexibilidade dos trabalhadores sobre as cargas horárias, principalmente para empresas com menos de 50 funcionários. A maior polêmica é que a reforma facilitaria, entre outros, as condições do empregador para demitir. O projeto prevê, entre várias modificações, limitar o valor das indenizações das empresas aos funcionários, em caso de demissão injustificada.

Confira o clima da manifestação contra a reforma trabalhista:

00:51

Manifestação Paris 09/03/16

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