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França

Militando no sofá: a internet transformando as manifestações francesas

Desde do século 18, a França tem sido o país das grandes manifestações populares, que tomam ruas e bulevares, contra ou a favor disso ou daquilo. Essa consciência política e militante começa, no entanto, a migrar para a internet, através de redes sociais como Facebook e Twitter. Em causa, esta semana, está o controverso anteprojeto de lei da reforma do Código do Trabalho, contra a qual um abaixo-assinado na internet já recebeu quase um milhão de assinaturas em uma semana. 

Twitter: governo defende anteprojeto, mas é ridicularizado.
Twitter: governo defende anteprojeto, mas é ridicularizado. Divulgação
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No caso do anteprojeto de lei da reforma do Código do Trabalho, a reação ao texto, vazado três semanas antes da sua apresentação, preocupa o governo do presidente francês François Hollande. Facebook, Twitter, Instagram, todos os canais têm sido utilizados na campanha popular contra o projeto do governo, que visa uma guinada para a direita nas generosas leis trabalhistas da França.
 

“A internet tem permitido à contestação se expressar com uma grande rapidez”, disse Anaïs Théviot, doutora em ciências políticas do Centro Emile-Durheim na Universidade de Bordeaux, para o jornal 20 Minutes.
 

Além da rapidez, a internet permite que uma parcela da população menos politizada, que não frequenta passeatas ou reuniões sindicais possa também exprimir a sua voz. Essa reação, amplificada e multiplicada pelos compartilhamentos levou o Partido Socialista a criar o seu próprio Twitter em defesa da reforma do Código do Trabalho.
 

O Twitter pela culatra
 

Mas “a internet é, sobretudo, um instrumento de contestação contra o poder estabelecido”, explica Albert Ogien, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisas Científicas, quando o Twitter do governo, pró-reforma, começou a ser ridicularizado pelos internautas.
 

“O discurso de oposição (nas redes sociais) tem a liberdade de se exprimir com uma linguagem mais chocante, cheia de humor negro”, concorda Anaïs Théviot.
 

Por outro lado, Théviot se questiona sobre a fidelidade dessa massa de mensagens, piadas e curtidas, muitas vezes irrefletidas. Para a pesquisadora, é plausível que os militantes, que participam das grandes passeatas, também se manifestem pelas redes sociais. Mas ela dúvida que os “militantes virtuais”, aqueles que curtem o protesto em casa, na frente dos seus computadores, abracem a causa até as últimas consequências.
 

“Admitimos, no entanto, que é graças às redes sociais que a oposição popular ao anteprojeto de reforma da Código do Trabalho tem conseguido uma adesão em massa, um certo número, que lhe garante a sua legitimidade”, conclui Théviot.
 

Resta saber quando as redes socias conseguirão deflagrar uma nova Revolução Francesa.
 

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