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Criador da logomarca do Jogos Olímpicos de Paris entra na Justiça contra comitê organizador

A menos de quatro meses da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, o logo do evento está no centro de uma batalha judicial, revelou o jornal francês Le Monde nesta quarta-feira (10).

Cerimônia de apresentação da logomarca dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2019
Cerimônia de apresentação da logomarca dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2019 AFP/Archives
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O designer Sylvain Boyer, que criou a logomarca da competição, acusa o Comitê Organizador dos Jogos (Cojop) de "favoritismo, aquisição, falsificação e ocultação". A Procuradoria Nacional de Finanças (PNF) francesa confirmou a denúncia ao jornal francês, que está "sendo analisada" antes da possível abertura de uma investigação.

Sylvain Boyer acredita ter sido afastado, no início de 2020, de um contrato para utilizar a logomarca e outros suportes visuais em “todo tipo de mídia”, obtido em março de 2019 e estimado em quase € 1 milhão a cada quatro anos, em caso de renovação anual.

Mas, depois de desenhar a logomarca, a empresa de Sylvain Boyer, Ecobranding, e sua parceira Royalties descobriram, em janeiro de 2020, que o contrato não seria renovado após o primeiro ano.

O desenho da logomarca representa a união da medalha de ouro, a chama e o rosto de Marianne, símbolo da República francesa desde a época da revolução de 1789.

Novo edital

Oficialmente, a comissão justificou a sua decisão devido à "evolução das necessidades de Paris 2024".

No entanto, o comitê organizador publicou um outro edital de licitação para a prestação de serviços de "criação e desenvolvimento de identidades visuais para marcas, rótulos e ativos".

Segundo Boyer, esse novo edital inclui, de maneira indevida, parte das missões que haviam sido atribuídas à sua empresa e à parceira Royalties. Além disso, a empresa de Boyer não pôde participar da licitação por conta dos critérios de seleção estabelecidos pelo Comitê Organizador dos Jogos.

O contrato acabou sendo assinado em abril de 2020 com a agência W&Cie (que agora se chama W Conran), subsidiária do grupo Havas, e pela Havas Sports & Entertainment.

"Depois que a logomarca foi criada, o comitê nos excluiu e passou a missão para agência W&Cie em nosso lugar", defende Sylvain Boyer. Isso permitiu que a empresa se tornasse a agência de comunicação de muitos parceiros exclusivos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024.

O designer incluiu em sua denúncia uma cópia de um SMS recebido em janeiro de 2019, quase dois meses antes da ruptura do primeiro contrato.

A mensagem, enviada por uma pessoa "próxima de muitos dos funcionários da agência W&Cie", dava a entender que o comitê aceitaria a proposta de logomarca de Sylvain Boyer, mas que sua criação seria então implantada pela W&Cie.

“Tudo foi decidido ainda antes de a Ecobranding e da Royalties receberem a confirmação do contrato", explicaram os advogados de Sylvain Boyer, Henri de La Motte Rouge e Camille Loyer, na queixa apresentada à Brigada Financeira.

A logomarca oficial dos Jogos Olímpicos de Paris
A logomarca oficial dos Jogos Olímpicos de Paris AFP

A mensagem, frisam, "levanta sérias questões sobre a influência de um candidato, neste caso a W&Cie, sobre o comitê, e sobre a sua capacidade de obter informações confidenciais sobre seus concorrentes e um contrato que nem existia ainda”.

Procurados, os diretores da W&Cie desmentiram as acusações. "Não há premeditação ou ‘conluio’ com o comitê", diz Gilles Deléris, um dos fundadores da empresa. Tudo foi objeto de medidas que tomamos de acordo com as regras estabelecidas”.

Denis Gancel, socio de Deléris, diz que recebeu "uma notificação formal" do Sylvain Boyer com um pedido de indenização de € 3 milhões, ou seja, três vezes o valor do contrato. “Para nós, isso se chama chantagem." 

Comitê dos Jogos já foi alvo de várias queixas

Em resposta ao Le Monde, o comitê disse que "não entende o propósito da denúncia". Após a notificação formal, os advogados do comitê consideraram que esta medida "visa solicitar exigências financeiras injustificadas, apostando no aumento da pressão a poucos meses da abertura dos Jogos".

O comitê é alvo de quatro investigações preliminares pela Brigada Financeira, em particular por atos de "favoritismo" e "aquisição ilegal de interesses". Um quinto caso, que segundo o Le Monde está relacionado a um consultor esportivo do presidente francês, Emmanuel Macron, foi arquivado em fevereiro.

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