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Carnaval de Dunquerque mantém tradição de "bagunça organizada" no norte da França

Em Dunquerque, cidade portuária do norte da França, “o carnaval é uma grande bagunça organizada,” onde as autoridades tentam se adaptar à popularidade crescente do evento conhecido por seus bailes e desfiles de bandas, culminando com o lançamento de arenques (peixes) da sede da prefeitura de Dunquerque, como ocorreu no domingo (11). A segunda-feira (12) marcou o desfile da banda Citadela, enquanto a Rosendaël é a grande atração da terça-feira gorda (13).

Apesar do frio do inverno no hemisfério norte, milhares de pessoas celebram o carnaval nas ruas de Dunquerque, no norte da França.
Apesar do frio do inverno no hemisfério norte, milhares de pessoas celebram o carnaval nas ruas de Dunquerque, no norte da França. AP - Michel Spingler
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Nesta região da França, o carnaval dura 3 meses, mas a semana do Mardi Gras é a mais movimentada. A multidão fantasiada com chapéus coloridos, máscaras, casacos de pele, suspensórios ou guarda-chuvas dança ao som de músicas tradicionais tocadas por orquestras afinadas. Por trás do aparente caos, a tradição é enquadrada por inúmeras regras transmitidas entre gerações de carnavalescos.

“O carnaval é uma grande bagunça, mas uma bagunça organizada”, sublinha Michel Vandaelinghem, um folião assíduo e que fala do alto de 37 anos de experiência.  

O ano de 2023 marcou a grande retomada desta festa popular, com mais de 70 mil foliões. No domingo, várias dezenas de milhares de pessoas participaram da banda Dunquerque, o grande destaque do desfile. Os participantes têm de demonstrar respeito pela tradição, conhecer as canções e as “regras” do desfile.

Com peruca loira, sutiã de lantejoulas e bochechas rosadas, Caron Davy, 47 anos, veio com o filho, Nyno, de 8 anos. “Pode ser perigoso trazê-lo para a confusão, mas muito lentamente, nós o levamos para a linha de frente”, diz, debaixo de chuva.

Se as origens dessa festa se perdem nas brumas do tempo, há quem afirme que “grupos de pescadores” estariam ligados às primeiras festas, que eram dadas pelos armadores antes da partida para a Islândia. No final do século XVIII, os armadores começaram a se desvincular deste costume e os marinheiros aproveitaram a oportunidade representada pelo carnaval para antecipar seus dias de lazer. Desde o início do século XIX, o porto de Dunquerque acolhe um dos carnavais mais originais da França.

Para “nós, mulheres, é complicado, há muito empurra-empurra”, diz Chloé Duquenoy, 42 anos, frequentadora assídua do carnaval. Vestindo um casaco de pele branco salpicado de preto, ela conta que “os turistas muitas vezes fazem besteiras, bebem demais, não sabem como desfilar, empurram quando não se deve empurrar”, diz.

“Só devemos empurrar quando passam os músicos com os instrumentos de sopro”, ensina Lisa Chavriacouty, 21 anos, uma novata. “Estamos perdidos, estávamos no meio da multidão mais cedo, não entendemos nada, então saímos”, conta a foliã fantasiada com estilo discoteca.

O som do tambor e dos pífaros são inspirados nos soldados do Império. O tambor-mor vai à frente de cerca de sessenta músicos vestidos com trajes de pescador. A procissão dura cerca de quatro horas e varre a cidade como um maremoto.

Para evitar "um empurra-empurra desordenado, optamos este ano por percursos com ruas um pouco mais largas”, explica Francis Duyck, vereador de Dunquerque.

E para integrar os novatos, “cabe a nós, residentes de Dunquerque, fazer o papel de embaixadores”, explicando-lhes que a estratégia é prevenir, em vez de remediar: “no ano passado, entre 70 mil pessoas, tivemos 80 feridos leves assistidos pela Cruz Vermelha”, diz a moradora de Dunquerque, Marjorie Eloy.

Além dos desfiles de rua, há também os tradicionais bailes de carnaval. A festa continua no sábado (17) com o Baile de Gigolôs e no domingo (18) com desfile das bandas de Malo-les-Bains e Baile da Violette.

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