Presidente do Senado da França se posiciona contra a constitucionalização do aborto no país

Assembleia de deputados da França começa a debater nesta quarta-feira (24) o projeto de lei que prevê a constitucionalização do aborto. Promessa do presidente Emmanuel Macron, a questão suscita uma forte polêmica no país. Entre os maiores resistentes à proposta está o presidente do Senado, o republicano Gérard Larcher.

O presidente do Senado da França, Gérard Larcher, em foto de arquivo. AP - Ludovic Marin

"Aborto na Constituição: quem terá a última palavra?", questiona o jornal Libération. O diário destaca que o debate divide a classe política, com forte resistência da direita e da extrema direita. Já o partido França Insubmissa, da esquerda radical, comemora a possibilidade de a França se tornar o primeiro país a constitucionalizar a interrupção voluntária da gravidez.

Os debates devem se concentrar na "garantia da liberdade" de recorrer ao aborto e não no "direito" a realizá-lo, como defendem parlamentares progressistas e movimentos feministas da França. Para eles, o livre acesso ao procedimento está ameaçado desde que vários países, como os Estados Unidos e a Polônia, resolveram reforçar suas legislações para impedir que mulheres interrompam gestações indesejadas.

No entanto, parte da classe política da França não acredita que a interrupção voluntária da gravidez, que é legalizada desde 1975 no país, possa sofrer um revés. Para ser aprovado, o projeto de sei deverá ser votado por deputados e senadores, mas já encontra forte oposição entre os conservadores.

O jornal Le Parisien indica que uma das principais vozes contra a inscrição do aborto na França é o presidente do Senado Gérard Larcher. Em entrevista à emissora Franceinfo na terça-feira (23), o líder republicano expressou seu oposição com veemência, argumentando que "a Constituição não é um catálogo de direitos sociais".