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Vinícola francesa é denunciada por funcionários por falsificação de champanhe

Na véspera das festas de fim de ano, o mundo do vinho na França é abalado por um escândalo. Uma ex-gerente acusa o diretor de uma empresa produtora de champanhe de ter falsificado seu produto usando “vinho barato e gás carbônico”. O organismo francês de repressão à fraude foi contactado. O Ministério Público vai investigar o caso.

Uma ex-gerente da vinícola Didier Chopin acusa o diretor de ter falsificado champanhe usando “vinho barato e gás cabônico”.
Uma ex-gerente da vinícola Didier Chopin acusa o diretor de ter falsificado champanhe usando “vinho barato e gás cabônico”. AFP/File
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A ex-diretora da vinícola Chopin, Ludivine Jeanmingin, acusou o CEO, Didier Chopin, de ter fabricado “champanhe falso”, à base de vinhos importados, CO2 e licor. A revelação não podia ter caído em um pior momento, a poucos dias do Natal e do Réveillon, quando as buscas pela bebida aumentam na França e no mundo. 

De acordo com Ludvine Jeanmingin, entrevistada no programa de tevê “Complément d’enquête” (Investigação complementar), que vai ao ar na noite desta quinta-feira (14), no canal France2, 1,8 milhão de garrafas com a bebida falsificada foram vendidas na França por um preço “entre €10 e €20” (entre R$ 54 e R$ 107). 

Didier Chopin, que produz champanhe em Champlat-et-Boujacourt, 130km a oeste de Paris, detém 22 marcas e exporta para 40 países. A empresa, cujo faturamento anual ultrapassa € 10 milhões (R$ 54 milhões), conquistou as prateleiras dos supermercados franceses com champanhes a preços mais baixos.

De acordo com a Franceinfo, Ludivine foi contratada em 2021 como gerente de uma nova fábrica da marca na cidade de Billy-sur-Aisne, hoje fechada, a cerca de 50 km da zona de denominação controlada onde é produzido o champanhe. Didier Chopin acabava de entrar no negócio de aperitivos. Mas seus produtos, incluindo um espumante barato feito com vinho e dióxido de carbono, vendiam mal e a produção de champanhe também passava por dificuldades.

Logo após a pandemia de Covid-19, em 2022, os preços do vinho explodiram. Chopin, que comprava a bebida no atacado, já que seus 8 hectares de vinhedos cobrem apenas uma pequena parte da sua produção, começou a ter dificuldade em adquirir a bebida. O empresário estava sujeito a multas de centenas de milhares de euros caso as encomendas dos supermercados (quase um milhão de garrafas de champanhe por ano) não fossem entregues.

Fora do perímetro

Nessa época, Ludivine foi contactada pelo chefe para uma encomenda de 800 mil garrafas, a serem produzidas antes de outubro. “Aí foi uma euforia”, lembra ela. Mas a alegria durou pouco. Alguns dias depois, ela descobriu, na linha de produção, caixas com rolhas destinadas a garrafas de champanhe. “Não tinha o direito de ter isso na empresa”, explica ela. “As rolhas de ‘Grand vin de Champagne’ são apenas para a denominação (de origem controlada) champanhe. Há um perímetro definido e eu não estava no perímetro.” Foi então que percebeu que estavam falsificando champanhe.

As declarações da ex-gerente foram confirmadas por outro funcionário, ainda em exercício, entrevistado pelo programa de televisão, mas desejou permanecer anônimo. Ele trabalha para uma empresa subcontratada de Didier Chopin. Responsável pelo transporte de garrafas, ele afirma ter visto alteração na produção a partir de junho de 2022.

Ludivine tranquiliza os clientes afirmando que a receita do vinho espumante não é perigosa para a saúde, mas o gosto não é bom. Ela reuniu provas durante dez meses antes de revelar o caso e ser demitida.

Um grande supermercado francês já retirou as garrafas da marca de suas prateleiras. A Direção-Geral da Concorrência, Consumo e Controle de Fraude (DGCCRF) foi contactada e as análises do produto estão em andamento. O Ministério Público aguarda a recepção do processo da DGCCRF antes de abrir uma investigação.

Vendido a um preço médio de € 30 a garrafa, o champanhe é uma das bebidas mais buscadas para as festas de fim de ano na França e no mundo. Os vinhos espumantes têm um preço em média cinco vezes mais barato.

Apenas os vinhos espumantes provenientes da região de Champanhe, nas proximidades da cidade de Reims, no oeste da França, e seguem um método de produção tradicional, além de outras exigências, podem levar o selo de denominação de origem controlada do produto.   

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