França: policial que matou adolescente deixa a prisão; mãe de vítima convoca protesto
O policial que matou o adolescente Nahel, em 27 de junho porque ele se recusou a parar em uma blitz na região parisiense, foi liberado pela Justiça, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (17). A morte do jovem de 17 anos causou revolta e protestos violentos em várias cidades da França, que denunciaram a violência da polícia. A mãe de Nahel convocou uma manifestação para o próximo domingo.
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O policial Florian M., 38 anos, continua indiciado por homicídio e foi colocado sob "supervisão judicial" após ter dado o tiro fatal durante uma blitz. Ele também está proibido de ir a Nanterre, onde o jovem foi morto, no oeste de Paris, e teve o porte de armas cancelado, disse a promotoria, mas foi liberado da prisão preventiva.
O advogado do policial, Laurent-Franck Liénard, apresentou um terceiro pedido de soltura de seu cliente, em 9 de novembro. Os juízes em primeira instância aceitaram o recurso na quarta-feira (15), considerando que ainda existem “discrepâncias entre as diferentes versões dadas”, mas que “a necessidade de consulta é menos significativa” e “não justifica a continuação da prisão preventiva”.
“A investigação judicial avançou”, foram ouvidas as partes civis e os dois policiais, indicaram os magistrados. “Já era hora de ele sair”, saudou Liénard, alegando que a prisão de seu cliente foi uma “detenção política”. De acordo com o advogado, o policial está “aliviado” e encontrou sua família.
Injustiça
O advogado da família de Nahel, Yassine Bouzrou, disse que “não iria comentar questões relativas à prisão preventiva neste caso”. Mas, a mãe do adolescente denunciou “uma verdadeira injustiça” e convocou uma “manifestação” na tarde de domingo (19), em Nanterre.
"Vou lutar. Não vou desistir pelo meu filho. Domingo, 19 de novembro, venha nos apoiar às 15h na Praça Nelson-Mandela, em Nanterre. Muito obrigado", diz Mounia, mãe do adolescente, no vídeo enviado pelo coletivo "Justice for Nahel" na noite de quinta-feira (16) a diversos meios de comunicação.
As imagens do policial atirando à queima-roupa no adolescente no final de junho, divulgadas nas redes sociais, provocaram comoção e uma onda de violência que tomou conta de muitas cidades da região parisiense e do resto do país durante várias noites consecutivas,
Os protestos, os mais graves desde 2005, foram marcados por cenas de saques a lojas e incêndios em prédios públicos. A morte de Nahel, de 17 anos, também relançou o debate na França sobre a violência policial.
No total, cerca de 40 investigações foram abertas pela Inspeção Geral da Polícia Nacional francesa (IGPN) por violência durante os protestos, disse à AFP uma fonte próxima do tema no início de novembro.
(Com informações da AFP)
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