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Medalhista olímpico francês compara Netanyahu a Hitler e gera polêmica na França

A França, o país da liberdade de expressão, encontra dificuldades de delimitar o que pode ser dito sobre o conflito entre Israel e Hamas. Manifestações de pessoas conhecidas na mídia oficial e em redes sociais vêm causando mal-estar, entre elas, a do corredor e medalhista olímpico Mahiedine Mekhissi, que comparou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a Hitler, e a declaração do humorista Guillaume Meurice, que disse que o chefe de governo de Israel era nazista.

O campeão olímpico francês Mahiedine Mekhissi que comparou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Hitler.
O campeão olímpico francês Mahiedine Mekhissi que comparou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Hitler. AFP
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O ex-corredor francês Mahiedine Mekhissi, triplo medalhista olímpico, comparou Netanyahu a Adolf Hitler no X (antigo Twitter) e descreveu os ocidentais como “colaboradores”, comentários que foram condenados pela ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castera.

"Adolf Hitler é até bonzinho perto de Netanyahu! O Ocidente é um verdadeiro colaborador", publicou na rede social campeão dos 3.000m com obstáculos, que anunciou sua aposentadoria no início do ano. Mekhissi acompanhando sua mensagem com hashtags, incluindo #Nazisrael #GazaGenocide ou #NovoNazismo Israelense.

A publicação gerou muitos comentários indignados na rede social. Amélie Oudéa-Castéra disse estar “profundamente chocada com tais comentários, nestas circunstâncias trágicas”.

“Essas comparações desastrosas flertam com tudo o que há de mais repulsivo e te afastam tanto dos valores universais da paz que o esporte sempre defenderá, assim como dos valores do Olimpismo que você conseguiu encarnar durante tantos anos para nossos compatriotas”, disse ela.

"E pensar que esse indivíduo vestiu a camisa da seleção francesa! Tenho vergonha da nossa cidade... que desastre!", lamentou no X Arnaud Robinet, prefeito de Reims, cidade de origem de Mahiedine Mekhissi.

Diante da polêmica, Mahiedine respondeu também no X que condenava todo terrorismo, "seja do lado israelense ou palestino". Ele também afirmou que "não era antissemita" e que "condenava o que o Hamas fez". 

O atleta, de 38 anos, conquistou duas medalhas de prata nos 3.000 m com obstáculos em 2008 em Pequim e em 2012 em Londres, além de uma medalha de bronze em 2016 no Rio de Janeiro. É também tetracampeão europeu na mesma distância (2010, 2012, 2016, 2018) e em 1.500 m (2014).

Fantasia de Halloween

Antes dele, o humorista Guillaume Maurice, foi duramente criticado por ter dito, em uma de suas participações na rádio France Inter, que uma ideia de “fantasia para assustar” no Halloween era a de Netanyahu, “um tipo de nazista sem prepúcio”.

As reações à piada de Meurice foram imediatas nas redes sociais, principalmente entre artistas, jornalistas e escritores judeus. A diretora da rádio Adèle Van Reeth disse que “a escolha das palavras (…) era particularmente inapropriado”, em uma resposta aos ouvintes da France Inter.

Segundo ela, “a frase não representa de maneira alguma o trabalho quotidiano da redação da France Inter, que se esforça para cobrir o conflito israelo-palestiniano de maneira (…) equilibrada, nem da linha editorial da rede que luta contra o antissemitismo, o racismo e todas as formas de discriminação”.

A participação de Guillaume Meurice provocou outras reações, inclusive da rabina e escritora Delphine Horvilleur, ou do presidente dos escoteiros israelenses da França, Jérémie Haddad, que lamentou também as reações dos comentadores da France Inter, “que riram em alto e bom som”.

A Autoridade Reguladora do Audiovisual e Digital na França (Arcom) foi contactada e vai investigar a intervenção do humorista, anunciou esta terça-feira (31) no X (antigo Twitter).

Israel lançou uma guerra para “aniquilar” o Hamas em retaliação ao ataque sem precedentes perpetrado em 7 de outubro pelo movimento islâmico palestino, cujos comandos mataram pelo menos 1.400 pessoas, a maioria civis israelenses, nos limites da Faixa de Gaza, segundo autoridades israelenses que asseguram que pelo menos 240 reféns continuam detidos na Faixa de Gaza.

Mais de 8.500 palestinos foram mortos desde o início dos incessantes bombardeios realizados pelo exército israelense na Faixa de Gaza, segundo um relatório do Ministério da Saúde do Hamas.

(Com AFP)

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