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Coletivos judaicos colam fotos de reféns do Hamas em muros de Paris; israelenses são libertadas

Seguindo o exemplo de Nova York, Lisboa e Buenos Aires, associações judaicas de Paris estão colando cartazes com fotografias dos reféns sequestrados pelo Hamas em locais públicos. O objetivo da mobilização é "sensibilizar o público", em um contexto de aumento de agressões antissemitas na França. Nesta segunda-feira (23), o Hamas liberou mais duas mulheres, desta vez de nacionalidade israelense, "por razões humanitárias", após uma mediação do Egito e do Qatar.

Nos muros de Paris, os rostos dos reféns sequestrados pelo Hamas.
Nos muros de Paris, os rostos dos reféns sequestrados pelo Hamas. AFP - KIRAN RIDLEY
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As israelenses Nurit Cooper e Yocheved Lifshitz, libertadas hoje pelo Hamas, viviam no kibutz Nir Oz, na fronteira com Gaza. Elas eram ativistas e levavam pacientes palestinos de Gaza para hospitais israelenses. Os maridos delas continuam sequestrados. 

Na França, o destino daqueles que continuam em cativeiro na Faixa de Gaza mobiliza a União de Estudantes Judeus da França (UEJF) e o Colelivo 7 de outubro. As duas associações judaicas realizaram uma ação na noite de domingo (23), no 7º distrito de Paris, para pedir oficialmente a liberação imediata de todos os reféns detidos pelo Hamas. O presidente da UEJF, Samuel Lejoyeux, disse em entrevista à RFI que o movimento extremista islâmico detém mais de 200 reféns israelenses e de outras 52 nacionalidades no enclave palestino. 

"Essa mobilização tem como principal objetivo sensibilizar o público e destacar a questão dos reféns. Lembramos que o que aconteceu em 7 de outubro não foi um ato de resistência da parte do Hamas, mas um ato terrorista, um ato que tinha como alvo civis, bebês. Tem bebês de apenas algumas semanas detidos pela organização terrorista atualmente", diz Lejoyeux. 

Quinze dias depois do ataque do movimento islâmico no sul de Israel, a UEJF e o Coletivo 7 de outubro trabalham para manter viva a memória dos reféns, colando cartazes com fotos das pessoas sequestradas e levadas pelo Hamas para a Faixa de Gaza.

“É importante advertir a opinião pública, é um grito de alerta”, defende Léa Hanoune, tesoureira da UEJF, que coordena as ações de colagem de cartazes em Paris. Uma dessas ações, no último domingo, contou com cerca de 100 participantes, 30 carros, 4.000 cartazes e um importante e organizado esquema de segurança. Os cartazes foram colados em muros do 16º e 17º distritos, na zona oeste da capital. 

Na semana anterior, os ativistas já tinham colado imagens dos reféns nos arredores da Universidade de Tolbiac, na zona leste, onde “achamos importante proclamar o nosso grito, porque houve mensagens antissemitas”, contou Léa Hanoune

“O objetivo é conscientizar o público em geral, dar um rosto aos reféns, fazê-los viver. Não quer dizer que se trata de Israel contra a Palestina, mas que há reféns, e que poderiam ser seu pai, sua mãe, sua filha”, diz Sophie Kijner, 31 anos, integrante do Coletivo 7 de outubro.

"Queremos que voltem"

Criado em resposta aos ataques do Hamas, o grupo recorda em seu nome a data da invasão sem precedentes do Hamas no sul Israel, o pior ataque terrorista já cometido contra o Estado hebreu desde sua criação, em 1948. O coletivo se autodenomina “defensor apolítico e fervoroso dos valores republicanos e da liberdade”.

Pessoas de todas as idades se unem para colar os cartazes. Em cada um deles está escrito: “Sequestrados” e “Participe, eles devem voltar vivos”, além do nome, sobrenome e nacionalidade do refém.  

Sorrisos juvenis, cabelos grisalhos, um menino posando com um cachorro, todas as fotos foram tiradas nas casas das vítimas ou na festa rave, onde centenas de combatentes do Hamas se infiltraram. São israelenses, americanos, argentinos e franceses, “entre 200 e 250”, segundo o Hamas. O grupo islamita afirma que 22 reféns já morreram nos bombardeios de Israel contra a Faixa de Gaza. 

“Como judeu, estas pessoas fazem parte da minha família. Pessoas que queremos ver voltar, com boa saúde”, diz Raphaël, um cientista da computação de 24 anos.

A campanha de colagem na França, que tem a maior comunidade judaica da Europa, com cerca de 500.000 pessoas, pretende "dar continuidade" ao movimento lançado por um pequeno grupo de artistas israelenses baseados temporariamente em Nova York, explicou à AFP sábado (21), por telefone, Aurélie Assouline, vereadora do 17º distrito e cofundadora do Coletivo 7 de outubro.

A equipe de Sarah Ouakil, vice-presidente da UEJF, trabalhou no domingo perto do Trocadéro, região onde fica a torre Eiffel, vazia durante a noite. “Estamos tristes e preocupados”, disse ela.

O grupo colou os cartazes perto de uma estação de metrô, de parques, em pontos de ônibus e fachadas opulentas de edifícios localizados entre duas embaixadas.

"Domínio do Hamas"

"Os palestinos também estão sob o domínio do Hamas. Não conseguiremos uma solução de paz se um grupo terrorista controla esta terra", disse Ouakil.

Mais de 1.400 pessoas foram assassinadas durante o ataque do Hamas, segundo as autoridades israelenses, a maioria civis baleados, queimados vivos ou mutilados. 

Na Faixa de Gaza, pelo menos 4.651 palestinos, a maioria civis, morreram nos bombardeios de retaliação realizados pelo Exército israelense, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que assumiu o poder no enclave em 2007. Desde então, o pequeno território de 2,4 milhões de habitantes está submetido a um embargo israelense.

Desde o atentado do Hamas e a retaliação de Israel, os atos antissemitas aumentaram na França, que também abriga a maior comunidade muçulmana da Europa. Uma semana após o 7 de outubro, 185 atos contra a comunidade judaica foram notificados à polícia, segundo o Ministério do Interior francês e 65 pessoas foram presas. Além disso, a plataforma Pharos, que recebe alertas sobre conteúdo de ódio ilegal na internet, recebeu 2.449 denúncias neste mesmo período. 

(RFI e AFP)

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