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Imprensa francesa analisa resultados da cúpula do G20 na Índia

A imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (11) o encerramento da cúpula do G20, ocorrida neste fim de semana em Nova Délhi. O ponto que teve maior repercussão foi a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente da Rússia. Lula disse que se Vladimir Putin for ao Brasil para o encontro do grupo previsto no Rio de Janeiro, em 2024, durante a presidência brasileira do G20, o líder do Kremlin não seria preso.

O presidente dos EUA, Joe Biden (à esquerda), o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a assinatura da aliança global pelos biocombustíveis, em Nova Délhi.
O presidente dos EUA, Joe Biden (à esquerda), o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a assinatura da aliança global pelos biocombustíveis, em Nova Délhi. AP - Evelyn Hockstein
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Os jornais destacam em peso que Putin é visado por um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra. "Mas parece que ele ainda tem crédito ao lado do governo brasileiro", assinala, por exemplo, o Jornal de Domingo (JDD).

O veículo lembra que se o Brasil se recusasse a prender Vladimir Putin, estaria violando o Estatuto de Roma, que criou o TPI. O estatuto obriga legalmente os países signatários – e o Brasil é um deles – a "prender e transferir pessoas indiciadas se elas entrarem em seu território", destaca o JDD.

Na entrevista de encerramento da cúpula, nesta segunda-feira (11), Lula recuou neste posicionamento. “Não sei se a Justiça brasileira vai prender, isso quem decide é a Justiça. Não é o governo nem o Parlamento", declarou o presidente brasileiro.  

A imprensa francesa recorda que desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2023, Lula tem afirmado a neutralidade do Brasil em relação à invasão russa na Ucrânia. "Embora Lula já tenha condenado a ofensiva de Moscou, ele se recusa a endossar as posições e sanções ocidentais, da Europa e dos Estados Unidos", completa.

Em sua análise sobre os resultados do encontro, o Libération recorda que o grupo estava profundamente dividido antes do início das discussões em Nova Délhi, principalmente em relação à guerra na Ucrânia e a transição energética. "Mas, surpreendentemente, o G20 encerrou a cúpula com uma declaração conjunta que demonstra aparente unidade entre os países."

O diário progressista francês explica que os representantes de 19 países, incluindo Estados Unidos, Rússia e China, mais a União Europeia divergiam sobre a forma de descrever a guerra na Ucrânia, as responsabilidades dos envolvidos e suas consequências econômicas, destaca o Libération. "Mas a presidência indiana conseguiu nas últimas horas, e certamente graças à sua posição diplomática de neutralidade no conflito, encontrar um consenso", acrescenta o jornal.

Rússia sai ganhando

O resultado desse entendimento é uma atenuação na linguagem empregada contra a Rússia, em comparação com a declaração do ano passado, em Bali. "A Rússia não é mais apontada como o país agressor, o que chocou as autoridades ucranianas", aponta o Libération. Em vez disso, os membros do G20 relembram as posições adotadas na ONU, onde 16 dos 19 países do grupo condenaram a "agressão" russa e reiteraram a obrigação de respeitar a integridade territorial dos países, assim como a proibição de qualquer ataque nuclear contra outro Estado.

Para os países ocidentais, esta fórmula permitiu denunciar implicitamente os abusos da Rússia e impedir que sua agressão seja legitimada, ao mesmo tempo em que garantiu um consenso com Moscou e a assinatura conjunta da declaração de Délhi. A Rússia esteve representada pelo seu ministro de Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

O diário francês observa que o presidente Emmanuel Macron acabou aceitando esse compromisso e considerou não ter havido ambiguidade do G20 sobre a guerra na Ucrânia.

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