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Partido de Putin é declarado vencedor de eleições regionais nos territórios ucranianos anexados

Com a oposição amordaçada e os críticos do conflito ucraniano reprimidos, a Rússia votou em eleições regionais no domingo (10), tendo como pano de fundo a ofensiva na Ucrânia. 

Os arranha-céus do centro internacional de negócios de Moscou e, à esquerda, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia (foto ilustrativa).
Os arranha-céus do centro internacional de negócios de Moscou e, à esquerda, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia (foto ilustrativa). AFP - YURI KADOBNOV
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A Comissão Eleitoral Central da Rússia disse na noite de domingo que o partido Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, havia vencido as eleições regionais nos quatro territórios anexados por Moscou na Ucrânia. O anúncio foi recebido sem surpresa por parte da comunidade internacional.

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, elogiou o fato de as eleições terem sido realizadas "de forma dinâmica, com poucas violações". Com essas eleições distribuídas em três dias, de sexta-feira a domingo, Moscou está tentando legitimar suas anexações da Ucrânia fazendo com que os territórios ocupados no leste e no sul votem.

Apesar da forte condenação do Ocidente, em setembro de 2022 a Rússia proclamou a anexação de quatro territórios ucranianos sobre os quais tem apenas controle parcial - Zaporijjia, Kherson, Donetsk e Lugansk - após "referendos" não reconhecidos pela comunidade internacional. Kiev e seus aliados já denunciaram as pesquisas como "ilegais".

Os combates ainda estão ocorrendo no local e o exército ucraniano lançou uma contraofensiva.

Por mais de um ano e meio, milhares de russos foram condenados, às vezes com penas pesadas, por protestar contra a ofensiva na Ucrânia. Nenhuma oposição real "fora do sistema" está representada: os oponentes estão na prisão ou no exílio.

O resultado dessas eleições, organizadas para nomear governadores, deputados regionais e conselheiros municipais, não deve, portanto, causar surpresas. Entretanto, essas eleições ocorrem apenas alguns meses antes da eleição presidencial programada para o início de 2024, o que poderá confirmar Vladimir Putin no poder até 2030.

Votação em meio a combates

Na região de Donetsk, os eleitores entregaram cédulas de votação com a águia russa de duas cabeças, enquanto na região de Kherson, o governador Vladimir Saldo declarou a sexta-feira como feriado para que todos os cidadãos pudessem "expressar sua posição".

Em várias regiões russas, onde o fluxo de eleitores é tradicionalmente maior no domingo, a votação também foi manchada pelo conflito.

Em Rostov-on-Don, uma grande cidade no sudoeste da Rússia, não muito distante da Ucrânia, que foi atingida por um ataque de drones nesta semana, dois eleitores entrevistados pela AFP perto de uma seção eleitoral no domingo citaram espontaneamente o conflito armado como sua principal preocupação.

"Acima de tudo, queremos viver em paz, nós e nossos filhos", disse Nina Antonova, 40 anos, especialista em proteção no local de trabalho.

O único problema: a guerra 

Nas quatro regiões ucranianas anexadas, as autoridades de ocupação têm se esforçado para apresentar uma aparência de normalidade, apesar dos contínuos combates. "Todos estão preocupados com apenas um problema: a guerra. Não temos nenhum outro problema", disse Anatoli, um aposentado de 84 anos.

Em Moscou, a campanha eleitoral quase não foi notada, com cartazes dos candidatos, inclusive do prefeito que está deixando o cargo, Sergei Sobyanin, um leal a Vladimir Putin no cargo desde 2010, em número reduzido e distante nas ruas.

Por outro lado, o Sobyanin tem sido onipresente na televisão nos últimos dias, lançando novas linhas de trens regionais e uma rodovia com pedágio, e inaugurando hospitais reformados.

Os moscovitas entrevistados pela AFP disseram que apreciaram a virada moderna que a capital russa deu sob a liderança do Sobyanin. "Moscou está florescendo diante de nossos olhos", exclamou Roukhine Aliev, um estudante de 21 anos.

"Somos todos a favor dele", acrescentou Olga, uma aposentada de 67 anos.

A várias centenas de quilômetros a sudoeste de Moscou, nas regiões fronteiriças da Ucrânia, que são regularmente alvo de ataques de Kiev, as condições de segurança para a organização da votação são precárias.

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, já anunciou que a votação na cidade de Chebekino, na região de Belgorod, foi "adiada devido ao alto nível de alerta".

O único desenvolvimento político significativo: no sul da Sibéria, o candidato do Partido Comunista, Valentin Konovalov, 35 anos, está buscando a reeleição na região montanhosa e pouco povoada de Khakhassia. Ele está muito à frente de seus adversários, de acordo com a agência oficial TASS.

(Com informações da AFP)

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