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Protestos na França devem mudar planos de visita do Rei Charles III

O Palácio de Buckingham acompanha com preocupação os desdobramentos da reforma da Previdência na França. No próximo domingo (26), o país europeu deve receber o rei Charles III em sua primeira viagem internacional. No entanto, a série de protestos contra o governo de Emmanuel Macron nas últimas semanas acendeu o alerta de riscos para a visita do monarca inglês. 

O rei Charles III deixando o aeroporto de Aberdeen com destino a Londres
O rei Charles III deixando o aeroporto de Aberdeen com destino a Londres AP - Aaron Chown
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Há o temor de que manifestantes tentem interromper o tráfego ferroviário entre Londres e Paris, impedindo ou retardando a chegada do rei britânico e da rainha consorte Camilla. 

O monarca deve ficar três dias em território francês, passando por Paris, onde encontra Macron, e por Bordeaux, no sudoeste do país. 

Uma fonte do sindicato CGT, um dos maiores da França, confirmou nesta quarta-feira (23) que a visita real está "na mira" dos manifestantes. O governo francês vai se reunir nos próximos dias com as empresas ferroviárias francesas para discutir a organização da visita do rei Charles III. 

A França enfrenta uma série de grandes protestos e greves contra a reforma da Previdência. As manifestações se intensificaram desde que o governo de Macron decidiu aprovar a reforma sem a votação dos deputados.

Os trens e outros serviços de transporte público devem parar novamente nesta quinta-feira (23), em mais uma jornada de manifestação nacional. E em alguns lugares, os sindicatos preveem a extensão de paralisações.

Os britânicos estão atentos à situação e uma fonte do Palácio de Buckingham afirmou a Reuters que deve haver alterações na logística da viagem.

O rei deve ir de trem de alta velocidade até o sudoeste do país no dia 28. Em Bordeaux, o casal planejava fazer um passeio de bonde pela cidade que, provavelmente, não poderá ser realizado. 

Os sindicatos de transporte da cidade já afirmaram que o bonde não deve circular neste dia e que haverá bloqueios pelo centro de Bordeaux. "É praticamente certo que o rei não poderá pegar o bonde", afimou Pascal Mesgueni, do sindicato Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos (CFTC), ao jornal Sud-Ouest.

 

Presidente Emmanuel Macron dirigiu-se esta quarta-feira aos franceses.
Presidente Emmanuel Macron dirigiu-se esta quarta-feira aos franceses. AFP - LUDOVIC MARIN

 

Fala de Macron à televisão não acalmou os ânimos

Após dois meses de protestos, a entrevista de Macron a dois dos principais canais de tevê franceses, no qual ele reafirmou sua reforma previdenciária, não acalmou os ânimos populares.

Um novo dia de protestos nacionais está previsto para esta quinta-feira, mas desde o final de semana manifestações coalham o país todas as noites.

Nesta quarta, Macron endureceu o discurso em relação aos protestos e afirmou que não haverá tolerância à violência, e desejou que o país volte ao normal o mais rápido possível.

Em relação à visita de Charles III, a organização não tem nada de normal. Até o momento, a imprensa não recebeu informações e orientações sobre a visita, como costuma acontecer em viagens de chefe de Estado de tal importância.

Espera-se que Charles, ao lado de Macron, deposite uma coroa de flores aos mortos da guerra no Arco do Triunfo, em Paris, na segunda-feira, e também fale aos parlamentares em uma reunião no Senado francês.

Estava programado ainda uma visita do monarca a um vinhedo orgânico em Bordeaux, assim como um tour pela região devastada pelos incêndios florestais no verão passado. Dois assuntos próximos aos interesses ecologistas do rei.

 

O Palácio de Versalhes, onde deve acontecer um jantar de recepção ao rei britânico Charles III
O Palácio de Versalhes, onde deve acontecer um jantar de recepção ao rei britânico Charles III AP - Michel Euler

 

Banquete para o rei

Uma das atividades de maior interesse, e maior tensão, da visita é a recepção ao monarca que estava prevista para acontecer no Palácio de Versalhes, símbolo da monarquia francesa alienada do sofrimento popular. 

A deputada ecologista Sandrine Rousseau afirmou sua indignação com a recepção real enquanto "o povo na rua está se manifestando".

"Que ele cancele esta visita de Charles III!", exigiu ela na quarta-feira. "A prioridade é discutir com a sociedade que está se revoltando", acrescentou ela.

Olivier Besancenot, porta-voz do Novo Partido Anti-Capitalista (NPA), resumiu com ironia: Charles III, "vamos recebê-lo com uma boa e antiquada greve geral".

De oficial, por enquanto, os 130 funcionários do departamento de Mobília Nacional francês anunciaram hoje que vão manter a paralisação durante a visita do rei. A greve deve gerar uma situação pouco convencional: não haverá tapete vermelho para a primeira visita internacional do rei britânico.

(Com informações da AFP e da Reuters)

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