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Dia Internacional das Mulheres: imprensa francesa denuncia injustiças e atraso nos direitos

A imprensa francesa desta quarta-feira, 8 de março, marca o Dia Internacional das Mulheres com reportagens especiais e análises sobre a luta das cidadãs do sexo feminino por igualdade. Os jornais apontam injustiças e demora na evolução dos direitos delas. 

"Reforma da Previdência, mulheres prejudicadas novamente", diz cartaz exibido durante manifestação em 16 de fevereiro de 2023, durante protesto em Montpellier, no sul da França.
"Reforma da Previdência, mulheres prejudicadas novamente", diz cartaz exibido durante manifestação em 16 de fevereiro de 2023, durante protesto em Montpellier, no sul da França. AFP - PASCAL GUYOT
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"Aborto, base comum das feministas" é a manchete do jornal católico La Croix, que destaca que o presidente francês, Emmanuel Macron, pode anunciar hoje a inscrição da interrupção voluntária da gravidez na Constituição francesa. O aborto é legalizado na França, mas diante dos recentes recuos em relação à prática nos Estados Unidos, as francesas querem constitucionalizar esse direito para protegê-lo.

O diário faz uma retrospectiva da batalha das mulheres no país para conseguir legalizar o aborto na França. Também conta a história da chamada "Lei Veil", promulgada em 1975, e que leva o nome da advogada e ministra Simone Veil, autora do projeto de legislação que descriminalizou na França o chamado IVG - sigla para interrupção voluntária da gravidez.

"Elas contam 125 feminicídios" é o título de uma matéria do jornal Le Parisien que destaca a chegada às livrarias, neste 8 de março, de uma obra da escritora francesa Sarah Barukh que convidou 125 personalidades francesas femininas a homenagear 125 mulheres assassinadas por seus maridos ou namorados. 

O diário lembra que neste últimos 15 anos mais de 2.200 francesas foram mortas por seus companheiros, 26 desde o início deste ano. No livro estão histórias de mulheres como Salomé Garnesson, morta em 2019, aos 21 anos, em plena luz do dia em Cagnes-sur-mer, pelo namorado. O autor do crime começará a ser julgado nesta semana, quatro anos após o chocante feminicídio. 

Francesas contra a reforma da Previdência

O jornal progressista Libération e o conservador Le Figaro focam na luta das mulheres contra a reforma da Previdência, atualmente em debate no Senado francês. O projeto é acusado pela esquerda de prejudicar particularmente as cidadãs do sexo feminino, que já são castigadas com salários inferiores aos dos homens. Segundo o texto, para obter a aposentadoria mínima, elas precisarão trabalhar mais para compensar ausências por gestações e cuidados familiares ao longo dos anos da vida ativa. 

"Dias da revolta das mulheres contra a reforma da Previdência" é o título de uma matéria do Le Figaro. O diário lembra que a igualdade de gêneros era a "grande causa" dos primeiros cinco anos do governo Macron, mas agora o governo apresenta um projeto que "penaliza as mães de família", diz o jornal, que entrevistou várias francesas que saíram pela primeira vez às ruas do país na terça-feira (7) para denunciar os planos do executivo. 

Libération denuncia que todo o sistema fiscal, social e previdenciário da França foi herdado de uma política paternalista do pós-guerra, desfavorecendo as mulheres até hoje. O diário analisa o último relatório do Observatório de Emancipação Econômico das Mulheres que aponta a responsabilidade do Estado na propagação de um sistema incoerente que faz com que as mulheres consagrem duas vezes mais seu tempo aos trabalhos domésticos. Ao mesmo tempo, o salário das francesas, em um casal heterossexual, é, em média, 42% menor que o do homens. "Injustiças flagrantes", critica Libération neste 8 de março.

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