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Dois sindicatos aprovam oferta de acordo da TotalEnergies, mas greve nas refinarias francesas continua

A greve nas refinarias da petrolífera francesa TotalEnergies continuava na manhã de sexta-feira (14), depois da CGT rejeitar uma proposta de acordo aceita durante a madrugada por dois sindicatos majoritários na empresa. Em negociação com a direção do grupo, os representantes dos sindicatos reformistas CFDT e CFE-CGC, mais propensos a compromissos, concordaram com uma oferta de aumento salarial de 7% e um bônus de 3.000 a 6.000 euros em 2022.

Funcionários da TotalEnergies durante a a greve de Gonfreville-l'Orcher, em 13 de outobro de 2022.
Funcionários da TotalEnergies durante a a greve de Gonfreville-l'Orcher, em 13 de outobro de 2022. © LOU BENOIST / AFP
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Juntas, as centrais CFDT e a CFE-CGC representam 56% dos trabalhadores da TotalEnergies. No entanto, o projeto de acordo negociado a duras penas, durante mais de seis horas de discussão com os delegados sindicais das refinarias, ainda deve ser submetido à votação dos afiliados e posteriormente assinado. 

Sob pressão do governo, o grupo petrolífero abriu negociações com as organizações sindicais do setor no fim da tarde de quinta-feira (13). Após 18 dias de greve, 30% dos postos do país continuam sem combustíveis. Os representantes da CGT abandonaram as discussões no meio da madrugada, denunciando "uma farsa", antes do compromisso encontrado com os sindicatos majoritários. 

Nesta manhã, o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, considerou a proposta feita pela direção da petrolífera "insuficiente". Em entrevista à rádio France Info, Martinez declarou que a CGT mantém a reivindicação de 10% de aumento salarial. 

A FO, outra organização presente nas refinarias, tem apoiado a determinação da CGT. Mas depois da oferta feita pela TotalEnergies, o delegado sindical Hakim Bellouz declarou à imprensa que a FO precisava de "um tempo" para analisar a proposta.

Em meio à crise gerada pela alta dos combustíveis na França, a TotalEnergies registrou um lucro de US$ 16 bilhões em 2021. A cifra representa o benefício mais alto do grupo em 15 anos, após uma perda histórica de US$ 7,2 bilhões, em 2020, devido à pandemia de Covid-19.

Tribunal considera intervenção do governo de acordo com a lei

Um tribunal administrativo de Rouen rejeitou nesta sexta-feira um pedido da CGT que visava suspender a convocação compulsória de funcionários de uma refinaria do grupo Esso-ExxonMobil situada em Port-Jérôme-sur-Seine, na Normandia, norte da França.

Embora o governo francês tenha defendido inicialmente o diálogo à requisição de empregados, autorizada pela legislação sob algumas condições, as longas filas nos postos de gasolina e a ameaça de paralisação do país obrigaram o poder Executivo a intervir.

Em seu despacho, o tribunal administrativo considera que as convocações compulsórias não constituem "um ataque grave e manifestamente ilegal à liberdade fundamental que constitui o direito à greve". 

Na quarta-feira (12), sindicatos majoritários na Esso-ExxonMobil chegaram a um acordo com a direção da empresa, o que abriu caminho para o governo solicitar o retorno de funcionários ao trabalho sem desrespeitar o direito à greve.

Greve geral 

As requisições impostas para aliviar o desabastecimento de combustíveis levaram vários sindicatos a convocar uma greve geral para a próxima terça-feira (18), a fim de defender os direitos dos grevistas e aumento salarial para compensar a inflação, que atingiu 5,6% em setembro.

Quatro sindicatos, entre eles CGT e FO, e várias organizações juvenis lideram a convocação. Alguns dos principais sindicatos de ferroviários, do metrô de Paris e do funcionalismo pedem apoio à greve. "A revolta cresce, inclusive em nossas profissões", alertou a divisão de transportes da CGT.

Por outro lado, vários setores denunciam as dificuldades geradas pela greve prolongada. O presidente da organização de médicos SOS Médecins, Jean-Christophe Masseron, disse que a paralisação "coloca em perigo a segurança e a saúde dos pacientes" em várias regiões. Por determinação do governo, os profissionais da saúde deveriam dispor de uma fila preferencial nos postos de gasolina. Mas eles têm enfrentado a mesma dificuldade para abastecer seus veículos que o restante da população, enfrentando filas de uma hora e meia de espera.  

No fim de setembro, trabalhadores de duas refinarias da Esso-ExxonMobil e quatro da TotalEnergies entraram em greve para exigir aumento salarial, em um contexto de inflação e lucros excepcionais das gigantes da energia. Embora 54% dos franceses considerem que essas reivindicações são legítimas, segundo uma pesquisa Odoxa para o jornal Le Figaro, dois terços dos entrevistados apoiam as requisições, e sete em cada dez afirmam que a greve os afetou.

RFI e AFP

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