Acessar o conteúdo principal

“Putin deve cessar essa guerra e respeitar a integridade territorial da Ucrânia”, diz Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta quarta-feira (12) que o líder russo, Vladimir Putin, pare a guerra na Ucrânia e "retorne à mesa de negociações". As declarações foram feitas durante uma entrevista à televisão pública France 2, na qual confirmou que os europeus vão continuar fornecendo ajuda à Kiev, mas que farão tudo para evitar um conflito global.

Emmanuel Macron diante da jornalista Caroline Roux.
Emmanuel Macron diante da jornalista Caroline Roux. AFP - LUDOVIC MARIN
Publicidade

Durante cerca de uma hora, o líder francês respondeu às perguntas da jornalista Caroline Roux no programa “L’événement” (O evento), que estreou nesta quarta-feira e que tinha como tema principal “O mundo em crise(s)”. Boa parte da conversa girou em torno da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e suas consequências internacionais.

Macron disse que o conflito entrou em uma nova fase desde a explosão da ponte da Crimeia e que é importante entender que essa dinâmica ainda pode durar algum tempo. “Putin deve cessar essa guerra, respeitar a integridade territorial da Ucrânia e voltar para a mesa de discussões”, lançou o presidente francês antes de afirmar que “não queremos uma guerra mundial”.

Questionado sobre o tipo de ajuda dada por Paris à Kiev, o presidente francês disse que, assim como seus aliados ocidentais, a França aumentará o envio de sistemas de defesa antiaérea para a Ucrânia. "Vamos entregar radares, sistemas e mísseis para protegê-los dos ataques, em particular dos de drones", explicou.

Bomba atômica

Em seguida, sem dar detalhes, disse que os países do bloco “oferecem informações para que os ucranianos se defendam”, mas que não considera que a França esteja em guerra. No entanto, quando a jornalista levantou o risco de reação atômica da parte de Moscou, citando as declarações de presidente norte-americano Joe Biden, que falou do temor de um “Armageddon nuclear”, Macron respondeu que a França também possuía a bomba atômica.

Compartilhe esta notícia pelo Whatsapp

O presidente francês, que muitas vezes foi criticado por não ter rompido suas relações com Moscou, disse que conversou com Vladimir Putin há algumas semanas e que continuará a dialogar com o líder russo “cada vez que isso for necessário”. No entanto, o representante de Paris insistiu que os dois países envolvidos terão que se reunir para encontrar uma solução para o conflito. “Uma hora espero que todos se coloquem em torno de uma mesa para discussões”, disse. “Nosso papel é ajudar os ucranianos a resistir e manter a Europa unida”, martelou Macron.

Falta de combustível

O presidente francês também foi questionado sobre o impacto da guerra no fornecimento de energia para o Ocidente. Mostrando gráficos que insistiu em projetar enquanto falava, Macron disse que “a Rússia fez do gás um instrumento de guerra” e que a Europa precisa ser mais soberana em termos de fornecimento de energia. Ele lembrou que a França tem “sorte”, pois dispõe de 90% de suas fontes de produção de energia dentro do país, mas que boa parte do continente europeu “depende muito do gás russo”.

No entanto, quando a jornalista chamou atenção para a crise que a França atravessa atualmente, principalmente com a falta de combustível que tem provocado filas gigantescas nos postos do país, Macron foi categórico: “Isso não tem nada a ver com a guerra”, e sim com conflitos internos entre as empresas de fornecimento e os sindicatos, disse, lembrando que o presidente da República não vai entrar em uma negociação salarial com funcionários, mas que é importante que “a CGT [uma das principais forças sindicais da França] permita que o país funcione”.

As declarações são feitas um dia após o governo francês convocar de volta ao trabalho os grevistas da Esso Exxonmobil, após a assinatura de um acordo entre dois sindicatos e a direção da empresa.

Irã e Armênia

Como o programa tinha o objetivo de se concentrar principalmente em assuntos internacionais, Macron também falou rapidamente sobre a situação na Armênia, que vive um aumento de tensões com o Azerbaijão, e disse que “a Rússia se meteu nesse conflito para enfraquecer a Armênia” e, com a cumplicidade turca, desestabilizar a região vizinha da Europa.

Já sobre a situação no Irã, palco de protestos cada vez mais violentos contra o regime desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana que faleceu após ter sido presa pela polícia da moral em Teerã por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica, o chefe de Estado disse que “a França condena a repressão do regime iraniano”. E quando a apresentadora mostrou uma foto sua apertando a mão do presidente iraniano, Ebrahim Raïssi, durante a Assembleia Geral da Onu, em Nova York, em setembro passado, Macron disse que o gesto não deve ser visto como um apoio. “A diplomacia significa ser capaz de falar com pessoas com as quais não compartilhamos os valores e os princípios”. 

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.