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Com o dobro de eleitores, fila para votar no 1º turno em Paris tem três quarteirões

Os eleitores brasileiros de toda a França vieram neste domingo (2) a Paris para votar para presidente. O Espace La Rochefoucauld, no 9º distrito da capital francesa, foi alugado para receber 22.629 eleitores inscritos neste ano - um aumento de mais de 100% em relação à última eleição. A espera na fila, que pela manhã era de três quarteirões, pode levar cerca de duas horas e meia agora à tarde.

Fila na entrada do espaço De la Rochefoucauld em Paris.
Fila na entrada do espaço De la Rochefoucauld em Paris. © Elcio Ramalho/RFI
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A votação por enquanto ocorre sem maiores imprevistos. O cônsul-geral do Brasil em Paris, Fábio Marzano, disse à RFI que uma das 29 urnas eletrônicas não funcionou e foi substituída por uma de lona, com cédulas de papel.

"Ela ligou, mas deu um erro que não conseguimos resolver antes das 8h. Tivemos então autorização do TRE-DF, do juiz eleitoral, para recorrer à urna de lona, com voto de papel. Ela já havia sido enviada para nós para ser usada caso houvesse problema", explicou.

O cônsul afirma que a votação em Paris está acontecendo de forma organizada e tem uma avaliação positiva do processo. "Estamos tendo um afluxo sigificativo de brasileiros, muito mais do que da última vez. Nossa expectativa é que ultrapasse facilmente os 10.000, 12.000 eleitores, que também é o dobro dos que compareceram em 2018", afirma. 

Lui Habe, de 31 anos, mora em Paris há quatro anos e vota pela primeira vez no exterior. Ele veio votar cedo, por volta das 8h da manhã. "Vim com a camisa do MST, porque sou de esquerda e me identifico com os ideais do movimento, que é suprapartidário, ligado diretamente a povo, ao trabalhador", disse.

Aleksandro da Costa Oliveira, de 45 anos, mora na França há 18 anos e veio de verde e amarelo. "Vim votar com a bandeira do Brasil porque tenho orgulho de ser brasileiro e o voto é livre, o que a gente quer é a democracia para o Brasil", afirma. A estudante de moda Luíza Mendonça, de 29 anos, chorou logo depois de votar: "Eu estou emocionada porque eu sinto que vai dar certo agora. Vim votar na democracia e num país mais justo", relata.  

Cores e expectativas diferentes

Os casais Gisele Guedes e Gabriel Ranieri, e Bruna e Rafael Rosa, estavam a poucos metros de distância na longa fila, mas vieram votar com expectativas diferentes. 

"A minha expectativa é de que a gente consiga 50% dos votos mais 1 no primeiro turno para tirar esse presidente de lá e ter a oportunidade de ver o Brasil crescer de novo", diz Gisele, de 33 anos, que afirma estar votando pela primeira vez no PT.

Os casais Gisele Guedes e Gabriel Ranieri, à esquerda, e à direita, Rafael e Bruna Rosa, aguardam na fila para votar em Paris.
Os casais Gisele Guedes e Gabriel Ranieri, à esquerda, e à direita, Rafael e Bruna Rosa, aguardam na fila para votar em Paris. © Paloma Varon/ RFI

"É a primeira vez que voto no exterior e vim votar com a camisa do Brasil porque é a camisa do nosso país. Vai ter a Copa do Mundo e ela também mostrar a minha opinião política", diz Rafael Rosa, de 35 anos, que veio com uma camisa personalizada e o número do seu candidato. "Mas nada contra quem vem votar com as outras cores, nós estamos inclusive aqui na fila conversando com todo mundo, o clima é de paz", disse. 

Três gerações juntas na fila

A engenheira aposentada Anita Leocádia tem 75 anos e mora na França há 33. Pela idade, ela não é mais obrigada a votar, mas faz questão. "Estou aqui com a minha filha e a minha neta, para um exercício de democracia em família. A minha neta tem que aprender a votar no bom número", disse ela, ressaltando que tem este nome em homenagem à filha do líder de esquerda Luís Carlos Prestes. 

Kele Ransom estava na fila com duas amigas. Ela veio de Pau, nos Pirineus, a 792 km de Paris, especialmente para votar. Já em Paris, ela dormiu na casa de uma das amigas e madrugou para chegar cedo ao  local de votação. "Acordamos às 5h30 da manhã, ansiosas por esse momento. Fizemos um trajeto de uns 45 minutos para chegar e estamos aqui. Achava que, pelo fato de vir cedo, a fila seria menor, mas não é isso o que está acontecendo", conta. 

Apesar de o clima geral ser pacífico, na rua, em frente ao Espace La Rochefoucauld, houve vaias e provocações entre os eleitores e alguns entoaram os jingles de seus candidatos. Até o fechamento desta matéria, não houve detenções.

Marta Faccio está trabalhando de fiscal para o Partido dos Trabalhadores. "Verificamos se todo mundo que está votando está regular e se não tem nenhum problema com as urnas, para ver se ela está zerada antes de começar a votação, e acompanhar se todo o regulamento da eleição está sendo cumprido pelos mesários", diz ela, relatando que o único problema foi a urna eletrônica que não funcionou. "Com o voto de papel, teremos de ter mais atenção e acompanhar a apuração, que começa logo em seguida ao fechamento das urnas, às 17h locais", finaliza Marta. 

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