Com espera de cerca de 4h na fila, eleição em Paris não tem hora para acabar
Com o grande número de eleitores aptos a votar em Paris este ano, a eleição deste domingo (2), que começou tranquila, logo se tornou "caótica", na palavra das pessoas que esperaram entre 3 e 4 horas na fila, debaixo de chuva e no frio. A votação, que deveria acabar às 17h no horário local, não tem previsão para terminar.
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Paloma Varón, da RFI
Alguns eleitores estavam revoltados com a demora, como a professora universitária Marcia Consolim, que esperou cerca de 3 horas e meia na fila para, enfim, conseguir votar às 15h30 no horário local.
"Foi muito mal organizado, eu achei de uma incompetência enorme. Falei com o cônsul e ele me disse que foi uma decisão do TSE só ter um local de votação na França. A informação que eu tenho é que a fila chegou a 6 km. Eu mesma caminhei mais de 3 km. Peguei chuva e frio e em nenhum momento um funcionário do consulado passou para nos explicar o que estava acontecendo".
Longa espera gerou ansiedade e preocupação
A funcionária pública Leilla Sicard conseguiu votar às 17h20 no horário local. Às 16h59, depois de mais de 3h de fila, ela ainda não havia recebido uma senha e estava preocupada, mas conseguiu votar alguns minutos depois.
A fiscal de voto do Partido dos Trabalhadores (PT) e youtuber Heloíse Leroy acompanhou a distribuição de senhas. "Fomos para o final da fila às 17h, os funcionários encarregados pela votação começaram a entregar as senhas a partir do último da fila, que foi encerrada às 17h". Segundo ela, foram cerca de 2.000 senhas entregues, mas há muitos relatos de pessoas que votaram sem depois das 17h.
O cônsul-geral do Brasil em Paris, Fábio Marzano, confirmou à RFI que todos os eleitores que estivessem na fila antes das 17h poderiam registrar seu voto. Diante disso, não há previsão para o fechamento das urnas em Paris. Neste ano, o número de eleitores aptos a votar em Paris foi de 22.629, um aumento de mais de 100% em relação a 2018.
Mas, enquanto para uns a espera na fila foi uma tortura, para outros, foi sinônimo de festa. "A espera é longa, na chuva, no frio, mas é muito importante poder participar deste momento", disse a estudante franco-brasileira Sophie Collignon.
Gabriela, que também é franco-brasileira, ficou cerca de 4 horas na fila e entrou pouco depois das 16h30. Ela estava acompanhada de sua mãe, Irene Ferreira, que, apesar de ter prioridade para votar, por ter mais de 60 anos, não queria deixar a filha sozinha na fila. "Estou com medo de perder o meu trem de volta para a Normandia, mas quero votar", disse à RFI.
"Dia histórico"
Derivaldo Ramos de Santana estava havia 3 horas e meia na fila quando falou à reportagem. 'É a segunda vez que voto aqui em Paris, mas a primeira vez que vejo uma fila como essa. Em 2018, eu fiquei bastante tempo perto do local após votar, e não vi tanto movimento", conta.
"Este é realmente um dia de votação histórico, acho que nunca visto na história das eleições brasileiras aqui na França. É impressionante e do jamais vu, como se diz aqui na França", completa.
A polícia francesa fechou as ruas em volta do Espace La Rochefoucauld, no 9º distrito de Paris, por volta das 16h no horário local, numa tentativa de controlar o grande afluxo de votantes e, principalmente, as pessoas que, mesmo depois de terem votado, se aglomeravam em frente ao prédio para observar as eleições ou se manifestar politicamente.
Segundo o delegado partidário da Federação Brasil da Esperança, que fiscaliza a votação em Paris, Esdras Ribeiro, sete eleitores tiveram o voto impugnado porque gritaram o nome de seu candidato no local de votação. "Eu não esperava esta quantidade de pessoas, ainda mais com chuva, frio e filas tão longas. Dá para ver que o pessoal está vindo com afinco para participar", completa.
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