Acessar o conteúdo principal

Covid-19: início de vacinação de crianças de 5 a 11 anos divide médicos e famílias na França

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos na França, uma nova fase da luta contra a pandemia de Covid-19, tem início nesta quarta-feira (15). Por enquanto, apenas as crianças com o estado de saúde frágil, que correm risco de desenvolver formas graves da doença, podem ser imunizadas. Mas o governo pretende abrir a vacinação a todos os pequenos desta faixa etária no início de 2022.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, durante visita a uma escola primária em Marselha, em 14 de dezembro de 2021.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, durante visita a uma escola primária em Marselha, em 14 de dezembro de 2021. AFP - NICOLAS TUCAT
Publicidade

Mas o tema não é consenso entre comunidade médica da França, de acordo com a imprensa desta quarta-feira. O jornal Le Figaro destaca que o assunto suscita polêmica na sociedade francesa, onde a questão não encontra consenso. Para o primeiro-ministro Jean Castex, a imunização das crianças de 5 a 11 anos é "uma necessidade" porque elas transmitem o vírus

No entanto, o Conselho Científico, órgão criado para guiar as decisões do governo durante a pandemia, classifica o assunto como "complexo". Segundo os especialistas deste grupo, a imunização das crianças de 5 a 11 anos não deve ser obrigatória e muito menos resultar em um "passaporte sanitário infantil". 

Le Figaro salienta que a questão divide também a comunidade médica da França. Segundo a presidente da Sociedade de Pediatria francesa, Christèle Gras-Le Guen, ainda não há certeza de que a imunização dos pequenos tenha um papel relevante contra a circulação do vírus. 

Outros argumentam que a rápida disseminação da variante ômicron demonstra a necessidade de proteger as gerações mais jovens. Segundo Mahmoud Zureik, professor de saúde pública, "diante de uma cepa mais transmissível, muitas crianças serão contaminadas e haverá um número proporcional de hospitalizações e mortes que poderiam ter sido evitadas". Ele lembra que um estudo recente realizado na França mostrou que 79% da faixa etária de 0 à 17 anos que desenvolveram uma forma grave da Covid-19 não sofriam de comorbidades. 

Preocupação nas famílias

O jornal La Croix destaca a preocupação das famílias com o início da imunização das crianças a partir de 5 anos. O diário entrevistou Gaëlle, que aceitou vacinar a filha de 12 anos, quando a campanha focada nos adolescentes teve início na França. No entanto, agora ela hesita em autorizar que as caçulas de 6 e 10 anos sejam imunizadas, apoiando-se no argumento de que as crianças têm 25 vezes menos chances de desenvolver formas severas da Covid-19, se forem contaminadas. Agathe, mãe de uma menina de 5 anos, argumenta que ainda não há estudos suficientes sobre os efeitos secundários dos fármacos anticovid nas crianças. 

O jornal Le Parisien conversou com a francesa Aurélia que, depois de muito refletir, decidiu autorizar a vacinação da filha de 6 anos. "É melhor proteger nossas crianças", diz a mãe. Ela explica ter recebido informações convincentes do pediatra e ficou mais tranquila depois que uma prima que vive nos Estados Unidos aceitou imunizar os filhos de 8 e 11 anos, e nenhum deles apresentou efeitos secundários. 

Vincent, um pai entrevistado pelo Le Parisien evoca também a necessidade de proteger as faixas etárias superiores. Ele conta que devido à pandemia, seus filhos não veem os avós há dois anos, que moram em Hong Kong. "Se as crianças forem vacinadas, talvez possamos viajar novamente. A vacina é importante para a sociedade, em geral, e também para a proteção das famílias", argumenta. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.