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França: violência faz empresas fornerecem coletes à prova de balas a jornalistas

O jornal Libération desta quinta-feira (4) traz uma reportagem especial sobre como as empresas francesas de comunicação estão protegendo seus jornalistas. O assunto vem à tona após a agressão do fotógrafo Christian Lantenois, do diário L'Union, em Reims, no nordeste da França. Ele entrou em coma após ser violentamente agredido no último fim de semana, ao realizar a cobertura de uma briga de gangues na cidade.

Reportagem especial no jornal Libération desta quinta-feira, 4 de março, sobre o aumento de violência contra jornalistas que trabalham em coberturas de manifestações e conflitos locais.
Reportagem especial no jornal Libération desta quinta-feira, 4 de março, sobre o aumento de violência contra jornalistas que trabalham em coberturas de manifestações e conflitos locais. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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"As redações diante do dilema da proteção de seus jornalistas", é manchete do Libération. O diário lembra que, desde a crise dos coletes amarelos, no final de 2018, os profissionais de mídia são alvo de uma desconfiança crescente por parte da sociedade. Entre os jornalistas, durante as coberturas,a necessidade de se equipar com capacetes, coletes a prova de balas, esconder qualquer identificação que mostre em qual empresa trabalham ou até mesmo ter de recorrer a agentes de segurança particulares, é recorrente, afirma a matéria.

Libération conta que, ao chegar com o carro exibindo o logo do diário L'Union no local do conflito entre gangues em Reims, no último sábado (27), o fotojornalista Christian Lantenois se tornou alvo dos agressores. Mesmo a uma centena de metros do tumulto, perto do veículo da redação, o repórter foi espancado por 13 homens. Sua câmera fotográfica foi roubada pelo grupo e encontrada mais tarde pela polícia sem o cartão de memória. Lantenois está internado em estado grave. Ele sofreu uma hemorragia cerebral e um traumatismo craniano severo e corre risco de morte.

O jornal Libération conversou com diversos repórteres da França que trabalham em coberturas de manifestações e conflitos locais e revela que algumas redações contam com um verdadeiro "arsenal de proteção". O jornal Le Parisien, por exemplo, oferece capacetes e coletes à prova de balas a seus profissionais. Redes de televisão e rádio, como o canal BFM TV e as emissoras do grupo Radio France, recorrem a empresas particulares de segurança quando seus repórteres saem às ruas para trabalhar em grandes protestos. 

Já para realizar reportagens de investigação em lugares considerados perigosos, onde atuam gangues criminosas e traficantes de droga, existe um protocolo de proteção: os encontros com as fontes são marcados com antecedência sempre durante o dia, os jornalistas são enviados com uma equipe, nunca sozinhos, e, principalmente, não permanecem muito tempo no local. Para chegar ao local de reportagem, a Franceinfo, por exemplo, opta por veículos em que seu logo não fique à mostra, para que seus profissionais não sejam identificados. 

Aumento da desconfiança na sociedade

Nos últimos tempos, os repórteres também perceberam um aumento da animosidade contra a imprensa. Os profissionais são alvo de xingamentos e agressões verbais ao fazerem qualquer cobertura banal nas ruas. "Os jornalistas são vistos como inimigos. Nossa profissão incomoda", afirma Erik Kervellec, diretor de informação das redes de rádio da França. 

A situação também vem piorando com fortes críticas da classe política contra os profissionais de mídia que revelam escândalos de corrupção, aponta Libération. "Nas últimas eleições presidenciais francesas, em 2017, muitos líderes passaram a estigmatizar a imprensa com afirmações dignas de Donald Trump", afirma o fotojornalista Olivier Corsan. Segundo ele, esse tipo de comportamento incentiva todo tipo de ataque e aumenta a desconfiança da sociedade contra a imprensa. 

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