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Prisão de jornalistas mulheres teve aumento de 35% em 2020, afirma RSF

O número de jornalistas detidos de forma arbitrária permaneceu "historicamente elevado" em 2020, segundo o relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta segunda-feira (14). O documento destaca um aumento de 35% no número de mulheres presas que trabalham em mídias de informação.

Segundo relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), 17 mulheres jornalistas foram presas em 2020.
Segundo relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), 17 mulheres jornalistas foram presas em 2020. © Reprodução RSF
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O número de jornalistas detidos no mundo alcança 387 no fim de 2020, dado que praticamente não mudou em 12 meses, apesar do aumento das prisões arbitrárias relacionadas com a crise de saúde, afirma o balanço anual da RSF. Neste final de ano, 42 mulheres jornalistas estão privadas de liberdade, contra 31 profissionais em dezembro de 2019 - um aumento de 35%.

Cinco países concentram mais da metade das prisões (61%), destaca a ONG em seu relatório. A China continua no primeiro lugar da lista, com 117 jornalistas (profissionais ou não) detidos, à frente de Egito (30), Arábia Saudita (34), Vietnã (28) e Síria (27).

"O número de jornalistas detidos em todo mundo permanece em um nível historicamente alto", afirma a RSF. E as mulheres, "cada vez mais numerosas na profissão, não estão livres", denunciou o secretário-geral da entidade, Christophe Deloire, em um comunicado.

Dezessete mulheres que trabalham com mídias de informação foram presas durante o ano, quatro delas em Belarus, centro de uma repressão sem precedentes desde a reeleição, considerada fraudulenta, de Alexander Lukashenko. Ele governa a ex-república soviética desde 1994.

Cobertura da crise sanitária

O balanço da RSF destaca ainda o aumento das detenções vinculadas com a crise de saúde, com 14 jornalistas presos por sua cobertura da pandemia, sete deles na China. A ONG, que criou em março o Observatório 19, dedicado exclusivamente à questão, registrou "mais de 300 incidentes diretamente relacionados à cobertura jornalística da crise de saúde" entre fevereiro e o fim de novembro, que envolveram quase 450 repórteres.

"As detenções arbitrárias, que representam 35% dos abusos registrados [à frente da violência física, ou psíquica], quadruplicam entre março e maio", indica o documento. "As leis de emergência, ou as medidas de emergência na maioria dos países para conter a pandemia contribuíram para confinar a informação", explica a RSF.

Os jornalistas detidos pela cobertura da pandemia são liberados, de modo geral, em algumas horas, dias ou semanas. No entanto, 14 deles "permanecem presos" na Ásia (7 na China, 2 em Bangladesh, 1 em Mianmar), no Oriente Médio (2 no Irã, 1 na Jordânia) e na África (1 em Ruanda).

A China, que "censurou amplamente as críticas de sua gestão da crise" nas redes sociais, tem entre os detidos pela Covid-19 a advogada e jornalista não profissional Zhang Zhan. Ela foi presa após realizar uma transmissão ao vivo no Twitter e no YouTube em fevereiro sobre a epidemia em Wuhan, berço da pandemia. 

Em Bangladesh, o escritor e blogueiro Mushtaq Ahmed permanece em prisão preventiva, acusado de "divulgar boatos e desinformação no Facebook", após um artigo em que "denunciava a falta de material de proteção para os profissionais da saúde".

Além disso, "pelo menos 54 jornalistas estão presos atualmente como reféns" na Síria, Iêmen e Iraque, 5% a menos que há 12 meses.

A ONG informou ainda que quatro jornalistas foram declarados desaparecidos em 2020, enquanto em 2019 não foi registrado nenhum novo caso de desaparecimento. 

(Com informações da AFP)

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