Macron aposta em retomada econômica com “fim” da epidemia no primeiro semestre
Em seu discurso de fim de ano, nesta quinta-feira (31) o presidente francês homenageou os 64.000 mortos vítimas da Covid-19 no país e disse esperar que a crise chegue ao fim graças à chegada da vacina e à aceleração econômica.
Publicado em:
O presidente francês agradeceu o esforço dos franceses durante o ano de 2020, marcado por restrições para conter a epidemia do novo coronavírus. Apesar das críticas dos profissionais da saúde sobre a gestão da crise, Macron defendeu a estratégia governamental e disse que fez “as boas escolhas no bom momento.”
O chefe de Estado também homenageou franceses anônimos por suas iniciativas durante a epidemia. Ele citou, somente pelo primeiro nome, por exemplo, o microempresário Gérard, dono de uma fábrica de máscaras que funciona 24 horas por dia desde o primeiro lockdown, em março. Lembrou ainda da história do menino Lucas, que doou seu tablet para os idosos de uma casa de repouso – assim eles poderiam conversar com suas famílias.
O presidente francês não se esqueceu naturalmente de Mauricette, a primeira francesa a receber a vacina da Covid-19 da Pfizer, no dia 27 de dezembro. Ele também respondeu a críticas sobre a lentidão da campanha de vacinação no país – a França é um dos países da UE com menos pessoas imunizadas até agora. “Não deixarei que uma lentidão afete a campanha sem justificativa”, declarou. “Mas também não deixarei ninguém brincar com a segurança e as boas condições de vacinação, que será gerenciada pelos nossos médicos e pesquisadores”, declarou.
Pouco antes do pronunciamento do presidente francês, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, anunciou uma aceleração da vacinação a partir desta segunda-feira (4) para os profissionais da saúde de mais de 50 anos, o que deveria acontecer inicialmente em fevereiro, de acordo com o calendário vacinal divulgado pelo governo francês.
A aparição de novas cepas do SARS-Cov-2 na França exigem que a campanha se faça rapidamente. Segundo o Conselho Científico francês, a hipótese de uma terceira onda não está descartada nas próximas semanas e as restrições devem ser mantidas ou até mesmo reforçadas. Museus, teatros e cinemas devem continuar fechados e não há previsão para a reabertura de bares e restaurantes.
Retomada econômica até maio
Apostando em um retorno à normalidade com a vacinação em massa ainda no primeiro semestre de 2021, Macron declarou que a retomada econômica permitirá “inventar uma economia mais forte, criadora de empregos, inovadora, que respeite o clima, além de uma biodiversidade mais solidária.” Segundo ele, a Primavera de 2021, que na Europa vai de 21 março a 21 de junho, “será o início de uma nova aurora para a França, de um renascimento europeu.” O chefe de Estado francês antecipou, entretanto, que os primeiros meses serão difíceis e a epidemia ainda será um peso para a vida do país.
Macron também citou suas prioridades para 2021: transição ecológica, luta pela laicidade, igualdade de oportunidades e luta contra "toda forma de desigualdade e discriminação". Macron não mencionou a reforma da Previdência, tema que originou a revolta popular dos coletes amarelos em 2019. Ele apenas citou a necessidade de evitar que a crise se torne um peso para as gerações futuras”, lembrando que os jovens são os mais atingidos pelas restrições da epidemia.
Brexit
O presidente francês também citou o Brexit, que entrou em vigor nesta quinta-feira (31) à meia-noite, e assegurou que os interesses da União Europeia estavam preservados no acordo concluído na semana passada. “O Reino Unido continua sendo nosso vizinho e nosso aliado. A escolha de deixar a Europa é fruto do mal-estar europeu, de muitas mentiras e de falsas promessas. Mas eu quero e digo claramente: nosso destino é na Europa”, concluiu o presidente francês.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro