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Covid-19: França vacina menos que países vizinhos e deputados cobram ministro da Saúde

Deputados do partido de direita “Os Republicanos” (LR) pediram nesta quinta-feira (31) uma sabatina de "emergência" do ministro da Saúde francês, Olivier Véran, sobre a estratégia de vacinação do país que, de acordo com alguns parlamentares, está atrasada em relação aos vizinhos europeus. O governo afirma que essa demora no início já era prevista. Mas certos cientistas criticam "um erro estratégico muito importante".

Vacinação na França começa em casas de repouso. O processo é lento e pode excluir idosos incapazes de dar o seu consentimento.
Vacinação na França começa em casas de repouso. O processo é lento e pode excluir idosos incapazes de dar o seu consentimento. AFP - LIONEL BONAVENTURE
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Com cerca de apenas 200 pessoas vacinadas até agora, enquanto a Alemanha já administrou 78.000 doses da vacina e a Itália 8.300, a França parece estar particularmente em desvantagem em relação a outros países, quase dez dias após o sinal verde da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para a comercialização da vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech.

Dados compilados pelo site Our World in Data, administrado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford, mostram ainda que a Áustria vacinou 6.000 pessoas, enquanto que Portugal já aplicou 16.000 imunizantes. No Reino Unido, onde a vacinação teve início em 8 de dezembro, a última contagem publicada pelas autoridades, em 24 de dezembro, relata 800.000 britânicos já vacinados.

Em entrevista à rádio Franceinfo na manhã desta quinta-feira, a ministra da Cidadania Marlène Schiappa pediu a "despolitização" do plano de vacinação. “Essa não deve ser uma questão política! Ouço pessoas dizerem: ‘não quero obedecer ao governo, não quero ser vacinado’. Pois não nos vacinamos para agradar ao governo, nos vacinamos para nós mesmos e para evitar a propagação deste vírus”, afirmou.

Após ter sido questionado na terça-feira (29) pelo canal de TV France 2 sobre o atraso significativo da vacinação na França, o ministro da Saúde, Olivier Véran, assumiu essa estratégia e chamou a atenção para o objetivo final do plano de vacinação. “Temos, em comparação com os nossos vizinhos alemães, o mesmo número de doses, temos os mesmos objetivos e vamos ter os mesmos resultados. (...) O que importa é que, no final de janeiro, teremos suprido essa lacuna. E o que importa é que protegeremos a todos”, explicou Verán.

A estratégia, no entanto, não parece ser uma unanimidade na comunidade científica. Entrevistado pela rádio Europa 1, o célebre geneticista Axel Kahn, por exemplo, afirma que o governo fez "um erro estratégico muito importante". O pesquisador diz estar preocupado com o efeito desse início de vacinação muito lento sobre o comportamento dos franceses mais céticos em relação à vacina. “Não é dando passos muito pequenos que conseguiremos convencê-los, pelo contrário. Vamos convencê-los de que, se andamos tão devagar, é porque não temos certeza de que existe um perigo ”, preocupa-se Kahn.

O epidemiologista Philippe Amouyel, professor de saúde pública do Hospital Universitário de Lille, sugeriu em entrevista à radio Franceinfo mais agilidade. “Eu entendo que há muita prevenção, principalmente em lares de idosos, mas não seria a hora de acelerar? Como outros países estão fazendo, como Israel está fazendo, como o o Reino Unido, como os americanos, como os alemães agora?”, questiona o médico.

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