Estátua de Colbert, em Paris, é manchada de vermelho e pichada com inscrição “negrofobia de Estado”
A estátua de Jean-Baptiste Colbert diante da Assembleia Nacional, em Paris, foi manchada com tinta vermelha na noite de terça-feira (23). O político, que foi ministro do rei Luís XIV, é conhecido por ser o idealizador do mercantilismo e da legislação sobre a escravatura na França.
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“Negrofobia de Estado” foram as palavras escolhidas para protestar contra a presença da controvertida homenagem a Colbert. O ministro de Luís XIV foi um dos criadores do polêmico “Código Negro”, redigido em 1685 para regulamentar a escravidão nas colônias francesas.
Um vídeo publicado no Twitter pela Brigada Antinegrofobia mostra o autor da pichação sendo preso pela polícia. Na gravação, ele afirma: “o que é proibido é o racismo. Este homem é um representante da negrofobia”. O ativista foi detido e a estátua foi limpa durante a noite.
Em toda a França, várias escolas, ruas e praças foram batizadas com o nome de Jean-Baptiste Colbert.
No último sábado (20), o atual presidente da Fundação Pela Memória da Escravidão, Jean-Marc Ayrault, pediu para que a sala que leva o nome do mercantilista na Assembleia Francesa fosse rebatizada. O senador socialista Victorin Lurel, ex-ministro dos Territórios Ultramarinos, também pediu que a estátua fosse instalada em outro local ou que passasse a exibir uma explicação.
Acte politique sur la statue de #Colbert #RacismeDEtat pic.twitter.com/JtufMz0Bkb
— AntiNégrophobie (@Antinegrophobie) June 24, 2020
Movimento antirracista visa monumentos em homenagens a escravagistas
Em um contexto de manifestações antirracistas em todo o mundo, após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, monumentos e estátuas relacionadas à História colonial e à escravidão vêm sendo destruídos ou vandalizados em vários países. Na França, recentemente, o busto do general De Gaulle foi pichado com a inscrição “escravocrata” em Hautmont, no norte da França.
Além dele, a estátua do general Faidherbe (1818-1889), governador do Senegal, foi coberta com tinta no domingo, no centro de Lille, norte da França. Ativistas também escreveram em vermelho as palavras “colonizador” e “assassino”, no dia seguinte de uma manifestação que pedia às autoridades sua retirada do espaço público.
Recentemente, em um discurso que realizou sobre as violências policiais na França, o presidente francês, Emmanuel Macron, se disse contra a retirada de homenagens a personalidades polêmicas e controvertidas. “Não se trata de apagar o que eles fizeram, mas de recontextualizar”, afirmou.
Para o chefe de Estado, muito além de destruir estátuas ou renomear ruas, “é preciso olhar a História nos olhos” explicando, no local onde as homenagens estão instaladas, quem foram essas personalidades. “A República não apagará nenhum traço ou nome de sua História. A República não derrubará estátuas. Devemos lucidamente avaliar o conjunto de toda nossa História, todas as nossas memórias”, afirmou Macron.
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